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Mostrando postagens de 2013

2013 em quatro músicas

1- Mirrors, Justin Timberlake 2- Get Lucky, Daft Punk 3- Can't Hold Us, Macklemore & Ryan Lewis 4- Wake me Up, Avicii

São Paulo, um cachimbo e uma conversa

Ontem tive uma noite muito especial, atípica. Depois de mais um dia corrido e cansativo, resolvi subir na cobertura do hotel e apreciar a vista da maior cidade do país. O local estava vazio, com exceção de um senhor de 75 anos que, sentado em uma cadeira, fumava seu cachimbo solitariamente. Aproximei-me ao lado e comentei qualquer assunto rotineiro. Dai adiante começamos uma conversa que durou mais de duas horas. Dentre os assuntos, abordamos filosofia, literatura, religião, vida, morte, sociedade, mitologia, história, pré-história, capitalismo, dinheiro, acaso, destino, vida, morte, escolhas, família, infância, velhice, felicidade... Este senhor, que por fim, me proibiu de chama-lo assim, era arquiteto e professor aposentado. Ali, me deu aula sobre a vida. Passei a maior parte do tempo o ouvindo e nunca uma pessoa me falou tanto utilizando palavras tão nobres como alegria, agradecimento, dádiva, otimismo, nobreza. Os temas, assim como as palavras enriqueciam a conversa que não ce

Goodbye Breaking Bad (e discursos sobre o futuro da televisão)

(com spoilers) Breaking Bad terminou há duas semanas, mas a passagem da série merecia destaque neste blog. Depois de dias tumultuados, eis que surge uma hora de folga para descrever tudo o que foi Breaking Bad em poucas palavras. De início, vale destacar o marco que a série estabelece na história da TV. Nunca fui um grande apreciador de séries e deixando de lado comédias e sitcoms, são poucas as que acompanhei do início ao fim e mais raras ainda aquelas que após o término, me deixaram tão órfão. Posso dizer que o primeiro caso aconteceu com Breaking Bad.                 E por acompanhar pouco as séries americanas, não posso afirmar que ela foi a melhor já produzida (como a critica vem dizendo), mas posso afirmar, sem erros, que foi a melhor que já assisti.  Vamos aos motivos dessa afirmação: Breaking Bad foi produzida pelo canal pago AMC, que tem a maior parte de sua renda vinda de seus assinantes e não de publicidade, o que dá liberdade extrema a seus produtores e cria

Qual é a verba de um sonho?

No início desse mês conheci a história de Diana Nyad, uma norte-americana de 64 anos e exemplo vivo de persistência e coragem. Diana é nadadora de longas maratonas e tinha um sonho: aos 28 anos de idade tentou atravessar a nado os 177 quilômetros que separam Cuba da Flórida, nos Estados Unidos. A tentativa acabou não dando certo, depois de nadar cerca de 50 horas, precisou ser retirada da água. Quando completou 60 anos de idade, Diana retomou seu antigo sonho, prometeu a si mesma que seria a primeira a pessoa a atravessar o estreito que separa os dois países sem utilizar uma jaula anti-tubarões. Foram quatro anos de treinamentos, onde passava de oito a doze horas diárias embaixo d’água. Para manter a concentração, ela decorou uma lista de 65 canções, as quais eram repetidas sistematicamente buscando não pensar em nada além de nadar. O relato que ela escreveu em 1978 arrepia: “ Imagine nadar continuamente por quinze horas. Quinze horas na dura e fria água do oceano. Quinze h

Sobre marketing e como mudar o mundo!

Há algum tempo atrás escrevi sobre storytelling, a não mais nova maneira utilizada pelas empresas para se relacionar com seus clientes. Cada vez mais a ferramenta vem provando sua eficiência para engajar o público alvo e trazer simpatizantes a marca. Em um exemplo recente e que vem dando muito certo, o banco Itaú utiliza da expressão #issomudaomundo em uma gigantesca campanha institucional aonde prega ações que definitivamente podem mudar o mundo, como por exemplo, educação e sustentabilidade. O projeto que iniciou tímido, apenas para as redes sociais, alcançou a tv aberta e vem gerando várias ações destacáveis, como as bicicletas laranjas, disponibilizadas nas principais capitais do país.                 O projeto #issomudaomundo engloba todos os canais de comunicação possíveis, e principalmente, transforma uma ideia em atitudes, seja com seus funcionários, clientes e a sociedade em geral. Não encontrei números que provassem o sucesso da campanha, mas pequenos exemplos como o núm

Sobre o tempo

Tenho uma paixão que é de conhecimento geral: o cinema. E tenho um arquirrival que bloqueia meus antigos encontros semanais (houve épocas que diários) com a sétima arte: o tempo (ou melhor dizendo, a falta dele). Cansado de procurar espaços em agendas cada vez mais cheias, busquei uma solução para uni-los. Algo que não me alienasse do cinema, mas que também não consumisse todo o meu tempo. A solução encontrada foi simples e prática: curtas-metragens. Pílulas cinematográficas de 5 a 10 minutos que envolvem boa parte da essência que os filmes proporcionam.                 Quisera o destino que uma das primeiras películas que assisti tratava do assunto que foi o motivo da minha vinda ao mundo dos curtas: o tempo. E é sobre ele que me debruço durante esse texto. O curta em questão chama-se Contre Temps , uma produção francesa de 2012 produzida pela Supinfocom, uma das mais respeitadas escolas de animação do mundo.                   Tempo é questão de prioridade! A fr

A humanidade é desumana

Fazia tempo que queria escrever um texto que falasse sobre humanos. Para mim é um tema recorrente. Tão recorrente que, há muito tempo, cheguei a criar um pensamento filosófico (bem piegas) falando sobre isso. O nome era “humanismo” escrevia sobre a forma como o mundo é mundo, como chegamos onde estamos e o custo (material e pessoal), que custo para chegarmos a “civilização moderna”.                 Tentei criar um pensamento regressivo, onde todos agissem como pensassem, abdicassem de males como a ganância e a ambição e partirem de encontro à humildade e o cooperativismo. Utopia pura! Mas na minha cabeça inocente acreditava que sim, era possível reescrever um pouco da história. Ora, não é só de males que vive o mundo. Ainda acredito profundamente que existem pessoas de bem, que lutam por um mundo melhor e veem isso, não como forma de status ou “boa ação” (expressão incoerente e falsa essa “boa ação”).                 O problema de toda essa minha ideia maluca é quando uma pessoa

Magnólia

Resolvi filosofar sobre cinema! Tirei três horas do feriado para rever Magnólia. Em minha opinião, um dos mais belos filmes que já produzidos. O filme é de 1999, tem a direção de Paul Thomas Anderson e um elenco cheio de estrelas. É formado basicamente de histórias e diálogos. Na primeira vez que o vi, o filme já me ganhou. Tanto que, na época, comprei uma fita VHS para tê-lo em casa. Na verdade duas, pois os 168 minutos do longa não eram suficiente para a tecnologia da época. Assim como toda a riqueza do filme não é possível de ser captada assistindo apenas uma vez.                 Dentre suas dezenas de metáforas e reflexões, dois temas seguem sendo os que mais me prendem atenção: perdão e arrependimento. Em Magnólia acompanhamos o desenrolar de um dia na vida de seus nove protagonistas durante etapas difíceis que vem enfrentando. Durante essas 24 horas muitos chegarão ao seu limite, ao estágio físico ou psíquico máximo em que não podem mais suporta. Em outras palavras

Sol

Sol, estrela mínima de um universo máximo; Sol, Estrela máxima De um planeta mínimo; Vida de quem aqui vive Morte de quem aqui padece, Sol que alimenta a vida Vida que se alimenta de Sol Sol que faz da minha vida, o motivo da minha vida ter Sol Sol, tenha um bom dia de Sol

O que você faz pra ser feliz?

A ideia é batida, mas ficou ótima! No marketing, remeter uma marca a sentimentos comuns para todos é estratégia para aproximar o cliente do estabelecimento, criar uma relação familiar e de ligação por empatia. Aqui no Sul o Zaffari faz isso melhor do que ninguém. A ideia de associar uma propaganda de televisão à felicidade ou ao bem estar dos clientes está virando tendência para as grandes empresas. A Coca Cola e a Unilever são campeãs nisso. Mas a campanha lançada na última semana pelo Pão de Açúcar tem seu charme a mais. Primeiro por que a companhia sempre se preocupou em voltar sua marca para a qualidade de vida e sustentabilidade, ou seja, não é uma ação passageira, o GPA vem seguindo esses dizeres a um bom tempo. Segundo, por associar o comercial a um fenômeno da internet e de simpatia, Clarice Falcão, que dá voz a musica e cria um tom leve e divertido à peça. E terceiro, e mais importante, por que ela é só parte de um projeto de comunicação institucional do Grupo, que desde

A arte de contar histórias

É interessante notar como o diálogo e a conversa acrescentam em nosso conhecimento. Muito da sabedoria que adquirimos vem da interação social, da troca de experiências e das histórias contadas. É por esse motivo que aquela troca de ideias durante o intervalo, a discussão sadia entre amigos e os brainstorms das reuniões tem o seu valor ressaltado. Até mesmo um livro, um jornal, um programa de tv ou um filme são formas de dialogar com a opinião que o seu idealizador busca transmitir.                 Falar de diálogo para uma empresa que conta com mais de quinhentos vendedores, parece “chover no molhado”, mas é interessante notar como esse diálogo é incessante e como uma coisa tão simples como a fala, vem se alterando significativamente com o tempo. E se a conversação muda com o tempo, o que dizer do modo de vender?                 Há algum tempo vem se tornando comum nas organizações um novo modo de fazer comunicação, ou de se comunicar para outros públicos. É o chamado storytel

Adeus cinema nacional

Para quem ama cinema, dói mais que um soco na boca do estômago. É a perda de uma inútil esperança que ainda era mantida acesa, de um olhar otimista para o um futuro não tão distante. Nas últimas semanas jornais do Brasil inteiro destacaram a situação absurda que vive o polo cinematográfico de Paulínia, cidade do interior paulista. Um investimento com recursos públicos que chegaram a 490 milhões de reais. O estopim deu-se ontem, em matéria divulgada pelo CQC, em TV aberta por meio do quadro Proteste Já. Lembro quando as primeiras e animadoras notícias chegavam junto com a inauguração do espaço, há cinco anos. Manchetes diziam que Paulínia se transformaria na Hollywood brasileira, o polo seria o maior da América Latina (e foi) e alavancaria as produções nacionais para um reconhecimento internacional. Além disso, geraria empregos, seria cento de estudos, formaria diretores, roteiristas, atores, e alimentaria a cultura se não fosse o país, ao menos de uma cidade. Nada disso

Os dias que procederam a tragédia!

Sim, cinco dias depois, Santa Maria ainda é o assunto que mais meche comigo. Mas não quero escrever sobre a tragédia, culpados, vítimas, tristeza, perda ou punição. A questão aqui é seres humanos. Raça perdida num universo sem fim que não sabe para onde vai e para que fim veio.                 No domingo após o ocorrido, o mundo (ou ao menos o Rio Grande do Sul) entrou em luto automático. Não era preciso dizer nada, o ar estava pesado, o pensamento sério, as risadas contidas e o silêncio ecoava. Pessoalmente, minha rotina nos dois dias seguintes parecera contribuir com isso. Passei o domingo a tarde dirigindo por seis horas. Voltando das férias e tentando assimilar o tamanho daquela tragédia. Na segunda-feira outra viagem, pela qual retornei a minha cidade e onde passei o dia sozinho, organizando o apartamento. Poucas vezes conseguindo mudar o pensamento.                 Comigo, todos em volta pareciam estar vivendo o mesmo sentimento. Palavras bonitas vinham de todos os lugares,