Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de 2015

21:05

Sábado, 21:05, Trecho Carazinho – Passo Fundo, Km-25 Depois de um dia cansativo, porém recompensador, a rotina de retornar para casa pela RS-285, mantém-se inalterada. A música no rádio anima os 45 km que separam partida de chegada. O dia já é quase noite quando as luzes do farol iluminam um sujeito solitário no meio do nada, seguido por um cachorro. O seu andar é lento e vagaroso, sem pressa e sem destino. O cachorro segue atrás, também a passos lentos, parecendo acompanhar a jornada de seu provável dono. A música parece não animar mais, o volume diminui e o silêncio toma conta. O dia até então foi animado, bonito e inspirador. Até aquele momento, onde aquela cena faz perder o sentido de todas as 21 horas passadas. Em minutos a escuridão tomaria conta, em minutos o frio chegaria mais forte, em minutos a chuva chegaria e em minutos a única luz a ser vista por aquele andarilho era a dos faróis dos carros que cortam seu caminho. Dos faróis que por segundos passam pela sua vi

Song for Someone

Pois é, O texto tem um teor pessimista, e por esse motivo é interessante que ele não seja muito longo e tome muito do tempo de quem o lê. Que seja então breve, curto, mas que não perca em si a sua essência e propósito. Bono, compôs ano passado a música “Song for Someone”, na qual apresenta a seguinte frase: “há um mundo que não podemos sempre ser”. No contexto dos demais versos, o autor mostra-se desanimado com a sua realidade, e coloca em dúvida exatamente o que nos motiva a viver o cotidiano. Por mais que sejamos propensos a um futuro otimista, construímos essa visão com base na realidade pela qual vivemos, que colocada em proporção com o restante do mundo é ínfima. Mesmo assim a tratamos como verdadeira, visto que se tratar do meu mundo, analisado sob o meu ponto de vista. A mídia contribui com isso. Quando não vemos o mundo a nossos olhos, o enxergamos aos olhos dela. Aí, de certo modo, a coisa muda. Vemos uma realidade mais ampla, sobre outros aspectos e pontos de vist

Vamos falar sobre isso?

Em 2010 fui ao show do Paul McCartney, em Porto Alegre. Fui sabendo que seria a primeira e talvez a última vez que veria um beatle vivo na minha frente. Seria uma experiência única então precisaria aproveitar cada minuto, cada segundo. Pensando nisso, levei minha câmera digital e meu celular, claro. No entanto, quando o show começou, por mais que o estádio inteiro ao meu redor estivesse de câmeras e celulares a postos para filmar aquele momento histórico, optei por registrá-lo apenas com os olhos. Não tenho nenhuma foto e nenhum vídeo daquele show. A lembrança que tenho de Paul está na minha memória. Aproveitei todos os instantes, guardei comigo todas aquelas emoções que vão durar a vida inteira, e quando der vontade de rever qualquer momento, tenho a mordomia de assistir pelo Youtube todos os vídeos lá gravados e por consequência, publicados.                 O motivo da lembrança é este vídeo aí embaixo, a nova campanha lançada pela Vivo esta semana, que questiona se est

A educação brasileira e o audiovisual

Já não é novidade que a internet mudou totalmente o mundo em que vivemos. Além da mudança tecnológica, passamos por uma importante mudança social, que ainda estamos começando a entender. O modo como nos mantemos informados é um exemplo disso. Antigamente era comum em locais públicos encontrar jornais e revistas, a informação de credibilidade estava lá, impressa e tangível. Era um método fácil de ficar informado. Precisávamos basicamente de uma lógica de interpretação de textos, esta aprendida na escola, para decorrer os olhos sobre as gigantescas matérias e reportagens. Quanto mais caracteres, mais credibilidade ela era. Ainda temos em mente a imagem do intelectual que cruzava as pernas com um jornal standard no colo para se “atualizar” sobre o mundo. Digo “temos em mente” por que ver essa imagem ao vivo é cada vez mais raro. O intelectual hoje pode fazer o mesmo exercício manuseando um tablet, teclando no notebook ou acessando o smartphone. No entanto, nem só de “palavras

Divertida Mente (Inside Out) é uma viagem fantástica rumo ao autoconhecimento

O primeiro filme da Pixar, Toy Story, completa 20 anos esse ano. Toy Story foi mais do que o primeiro filme produzido em computação gráfica do cinema, a história de Woody e Buzz Lightyear representou a entrada da Pixar no segmento de animação e uma revolução no modo de fazer desenhos. Em vinte anos foram quinze filmes produzidos. Nenhum deles pode ser considerado um filme ruim, e no mínimo três deles, obras primas. E Inside Out, ou Divertida Mente no título em português, é um deles. A Pixar conseguiu criar um padrão tão alto de qualidade que qualquer filme mediano produzido por eles pode ser considerado um Dreamwor..., digo, um trabalho ruim. O estúdio reúne sete Oscars de melhor animação em nove disputados, sendo que em duas oportunidades disputou na categoria de melhor filme - Up! e Toy Story 3.                 Divertida Mente segue a linha dos filmes citados. É Pixar em sua melhor forma, abusando de originalidade e criatividade. Com a direção de Pete Docter, o mesmo d

A meritocracia de Forrest Gump

“Minha mãe sempre dizia que milagres acontecem todo o dia. Tem gente que acha que não, mas é verdade” Forrest Gump Fiz o caminho inverso com Forrest Gump. Não o assisti nos anos 90, quando era badalado, sucesso de bilheteria e com seis Oscars no currículo. Assisti dez anos depois, numa Sessão da Tarde da Globo. O resultado foi um bom entretenimento, mas que nada reverenciava a admiração dada ao filme na então década passada. Dei uma segunda chance ao filme e refiz a experiência esses dias, com a intenção de analisar amplamente seu propósito e ideologia. A conclusão remeteu novamente a uma frase que senti na primeira vez em que vi Forrest: este filme me incomoda. Na história, Forrest Gump, o personagem vivido por Tom Hanks, é um rapaz com um Q.I abaixo da média e que, sentado em uma parada de ônibus, conta sua história de vida a desconhecidos por ali aparecem. A trajetória de Gump tem passagem crucial pela história recente dos Estados Unidos, colocando o personag

Um pessimismo necessário

O exercício de ver cinema como arte é fascinante. No entanto, uma segunda função - ou um complemento a primeira -, é seu trabalho impecável de retratação da nossa realidade e como ferramenta antropológica e social. O cinema vem da fotografia, e assim como ela, imortaliza em imagem o que fomos, o que somos e palpita sobre o que seremos - ou o que queremos ser -. E cinema e fotografia, assim como qualquer outra arte, tem sua interpretação variada de acordo com o contexto a qual é inserida e a bagagem cultural de seu apreciador. Esta semana fui submetido a dois filmes diferentes, mas que assistidos em um intervalo de um dia revelaram grandes semelhanças e questionamentos. O primeiro é um documentário: “O Sal da Terra” (2014), dirigido por Wim Wenders e Juliano Ribeiro Salgado e que conta um pouco da história de Sebastião Salgado, o já consagrado fotógrafo brasileiro que viveu sua vida retratando o mundo em fotografias em preto e branco. Salgado se destaca pelo olhar sagaz de su

B.B. King

Blues combina com a noite, com a madrugada. Com inverno, Com aquele vinho tinto girando na taça; Com o silêncio da escuridão Deturpado somente pelos acordes de guitarra. Blues leva a pensamentos e filosofias Leva a boas e agradáveis conversas, Te faz ouvir mais do que falar A imaginar mais do que dizer Blues é respeito, admiração Impossível ouvir sem fechar os olhos Impossível compreender com o volume baixo Um diálogo por acordes Sintonia por emoções O quer quiser pode ser dito Sem uma palavra dizer Blues é arte Que B. B. King sabia como poucos fazer. The thrill is gone... RIP King of Blues

10 anos da Sala de Cinema do UOL – ou a história mais incrível que já vivenciei

Em 2015 fez dez anos de um dos momentos mais curiosos na minha adolescência. Um casamento entre duas pessoas que jamais se conheceram pessoalmente e moravam a mais de 3.500 quilômetros de distância. Em 2005, quando a internet era uma novidade e um lugar ainda inóspito, onde seu acesso era permitido somente após a meia noite, por meio de uma conexão discada, encontrei terreno amigável nas salas de bate papo do site UOL. Morava em cidade pequena e estava começando a descobrir todo o fascínio dos filmes e do cinema. Sentia necessidade extrema de discutir com outras pessoas as experiências e vivências que os filmes me proporcionavam. Como lá quase ninguém compartilhava dos mesmos gostos, encontrei na internet lugar e pessoas para trocar ideias sobre a sétima arte. Foi curioso que cheguei a sala por intuição. Simplesmente acessei o site, vi o link do bate papo, cliquei e encontrei uma sala exclusiva para falar abertamente sobre cinema com mais de cinquenta pessoas. Na págin