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São Paulo, um cachimbo e uma conversa


Ontem tive uma noite muito especial, atípica. Depois de mais um dia corrido e cansativo, resolvi subir na cobertura do hotel e apreciar a vista da maior cidade do país. O local estava vazio, com exceção de um senhor de 75 anos que, sentado em uma cadeira, fumava seu cachimbo solitariamente. Aproximei-me ao lado e comentei qualquer assunto rotineiro. Dai adiante começamos uma conversa que durou mais de duas horas. Dentre os assuntos, abordamos filosofia, literatura, religião, vida, morte, sociedade, mitologia, história, pré-história, capitalismo, dinheiro, acaso, destino, vida, morte, escolhas, família, infância, velhice, felicidade...
Este senhor, que por fim, me proibiu de chama-lo assim, era arquiteto e professor aposentado. Ali, me deu aula sobre a vida. Passei a maior parte do tempo o ouvindo e nunca uma pessoa me falou tanto utilizando palavras tão nobres como alegria, agradecimento, dádiva, otimismo, nobreza. Os temas, assim como as palavras enriqueciam a conversa que não cessava. Este senhor, dizia da alegria que sentia pela sua vida e por tudo que viveu nela. Falei que meu objetivo na vida seria chegar à idade dele e poder dizer o mesmo. Foi aí que aquele professor, que acabara de me conhecer falou duas frases que me chamaram a atenção. Ao falar dos meus objetivos e do porque estava naquela viagem, ele me interrompeu e perguntou se poderia dizer algo. Dei a palavra ao qual fui surpreendido com a seguinte frase: “Não sou vidente, não leio o futuro nem nada parecido, mas você vai conseguir”.  Instintivamente ri do comentário, quando ele me chamou a atenção e concluiu: “Pessoas que acreditam, conseguem!”. Agradeci as palavras e completei dizendo que sim, também acreditava nisso!
Próximo do fim da conversa, novamente ele me pede a palavra e após uma longa pausa fala que antes de eu chegar, se questionava do porque ter subido a cobertura para tragar aquele cachimbo, olhou para mim e disse ter encontrado a resposta. E após uma breve filosofia concluiu me agradecendo por deixa-lo ao menos por aquele momento uma pessoa mais feliz!


Após nos despedirmos também me questionei do porque ir aquele local, naquele determinado horário, depois de um dia cansativo em que só pensava em dormir. Talvez a mesma resposta que aquele homem conseguiu, seja a minha também, viver a vida e deixa-la dia após dia, cada vez mais inesquecível! Boa noite!

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