Vem crescendo o número de pessoas que deixam as empresas para abrir seu próprio negócio. Junto a isso, as empresas reclamam da falta do um “espírito empreendedor” em seus funcionários. Não chegou a hora de unir empreendedorismo e carreira profissional?
Entre as discussões sobre o futuro do trabalho, me chama a atenção o debate sobre como as empresas vão lidar com funcionários que tem planos de empreender e veem a carreira dentro da empresa como uma etapa de passagem para atingir seu objetivo.
Não é regra, mas normalmente pessoas com características empreendedoras possuem habilidades profissionais que as empresas mais procuram. E se desfazer desses profissionais sempre gera grande trabalho e adaptações até encontrar novos profissionais para substituir.
As empresas já caminham para conter esses funcionários oferecendo vantagens, recompensas e cargos mais atrativos. O Google, por exemplo, permite que 20% da jornada de trabalho de seus funcionários seja para trabalhos pessoais. Amazon, Unilever, Nestlé entre várias outras possuem políticas semelhantes.
Isso revela uma consciência que de nada vale insistir em manter funcionários dentro da empresa, se estes já demonstram grande tendência ao empreendedorismo. Mais vale tê-lo com menos horas de trabalho do que não tê-lo.
Outro caminho é a própria incubação de startups dentro da empresa e o estímulo aos colaboradores de desenvolverem o buscarem por projetos independentes que conversem com o ambiente da empresa (ou não), e que se validados, tenham a oportunidade de executá-los dentro da própria empresa. 3M e Bradesco são exemplos de grandes empresas que possuem aceleradoras de startups internas para incentivar o desenvolvimento de novas ideias. No Google, o Gmail e o AdSense surgiram de atitudes impulsionadas pelos próprios funcionários.
Esses exemplos servem para mostrar como o ambiente para empreender pode sim, estar atrelado ao ambiente de empresas e os próprios funcionários terem ambições em criar seu próprio negócio sem a necessidade de perder a renda garantida de seu trabalho.
Esses exemplos servem para mostrar como o ambiente para empreender pode sim, estar atrelado ao ambiente de empresas e os próprios funcionários terem ambições em criar seu próprio negócio sem a necessidade de perder a renda garantida de seu trabalho. No entanto, a atual realidade do Brasil nos mostra que serão necessários alguns passos anteriores antes da construção de cenários como estes. Isto porque a cultura de empreender ainda é pouco estimulada e o atual ambiente escolar e universitário segue muito mais preocupado com formar empregados e empregadores.
E se uma mudança a curto prazo não é vista nesses setores, a empresa pode muito bem assumir este papel estimulando projetos e atividades que exijam um perfil mais empreendedor de seus funcionários para buscar estimular esse lado mais voltado aos negócios e ao mercado.
O próprio estilo de gestão mais horizontal e aberto entrega uma forma de ver as pessoas como protagonistas da ação dentro da empresa. Atrelado a isso, uma estratégia clara, uma execução voltada a projetos independentes e um ambiente aberto a inovação são ingredientes essenciais para estimular essa nova forma de entender o trabalho.
Percebo que a leitura do que é trabalho está mudando em ritmo acelerado, e é questão de tempo para transformarmos por completo o atual entendimento do que é um empregador e do que é um empregado. E diante desse cenário, o estilo empreendedorismo de ser é hoje uma das janelas mais claras para como essa nova relação de trabalho possa ser desenvolvida.
Comentários
Postar um comentário