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Aerosmith



Eu sou cria dos anos 90, então queria mesmo era ver hit atrás de hit do vocalista de roupas extravagantes e jeitos e trejeitos exagerados. Conheci Steven Tyler e companhia no lançamento do clip de Fly Away From Here, em 2001. Apresentado como o clip mais caro da história até então, e ambientado em um ambiente futurista, com direito a luta de robôs e Jessica Biel, a música me pegou na hora. Fui atrás de quem era aquela banda e me surpreendi duas vezes. Uma por serem os mesmos músicos da música tema do filme Armagedon, que mais tarde fui entender como a fantástica I Don’t Want to Miss A Thing. E outra por se tratar de uma banda ativa desde 1970.

Talvez esse seja a principal resposta para o Aerosmith ainda fazer sucesso depois de 46 anos de estrada. E o que se viu no Anfiteatro Beira-Rio na noite de ontem foi um compilado de hits que buscaram agradar a incríveis três gerações de fãs. Da arquibancada, em minha frente via três casais com seus 30 a 40 anos. Ao meu lado, uma senhora de 50 anos que veio ao show com a filha de 25. Atrás, um casal de idosos e não tinham menos de 60 anos. No corredor passavam famílias inteiras, roqueiros devidamente caracterizados, adolescentes e crianças. Em comum, o rosto de Tyler em todas as camisas e a vontade de ver de perto seus ídolos.

No entanto reunir em 19 músicas quase cinco décadas de canções é tarefa nada fácil. OK, é impossível! E senti muito a falta de Amazing, Angel, Toys in the Attic, Full Circle, What it Takes, Last Child, Home Tonight, da já citada Fly Away from Here, além das inadimissíveis ausências de Hole in my Soul e Jadded. Poucas bandas se não ao luxo de abrir mão de músicas como essas.
Mas o que estava no palco foi de tirar o fôlego! Começando pela sequência inicial com Back in the Saddle, Love in a Elevator, Cryin’ e Crazy. Porto Alegre perdeu Jadded, que deu lugar a Pink e que serviu como deixa para uma ação em prol do Outubro Rosa. Uma troca justa.
Na volta pro bis, a sempre clássica Dream On foi o êxtase da noite, com Tyler em um momento particular com o público e seu piano branco. Épico!

Fui para ver a possível última turnê do Aerosmith. São 46 anos de carreira, quase todos já passaram dos 70 anos e nenhum deles devem nada para ninguém. Todos já cumpriram sua missão de alegrar a milhões de fãs. Minha expectativa era de reverenciá-los, aplaudir pessoalmente e de pé a sua obra. O que vi foi uma banda explosiva e vigorosa. Steven Tyler era energia pura. Dançava, corria, rolava no chão. Impossível não se empolgar. A parceria com os demais músicos também era nítida, em especial com Joe Perry, que nos brindou com um solo fantástico.

No fim, o que marcou mesmo foi a cena final da banda. Com o Beira-Rio já iluminado com as luzes de fim de show e com papel de prata picado voando para além do estádio, a banda se despedia ao natural dos mais de 30 mil presentes. Um a um eram aplaudidos, acenavam e agradeciam. Ao final, um a um deixaram o palco caminhando em direção ao backstage. Para eles, uma simples caminhada para um próximo show. Para nós, o adeus de ter visto, ao menos por duas horas, um pouco do quão grande e importante o Aerosmith é para todos nós!



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