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Metaverso

Como a empresa de Mark Zuckerberg visualiza o nosso futuro


No último dia 28 o Facebook comunicou a mudança do nome da empresa, passando de Facebook Company Inc. (proprietária, além do Facebook, do Instagram e WhastApp) para Meta Platforms Inc. Muito foi dito sobre os motivos que levaram a mudança, desde criar uma cortina de fumaça para os escândalos divulgados por Frances Hauges e intitulado Facebook Papers (link: https://www.cnnbrasil.com.br/business/facebook-papers-veja-o-que-os-documentos-vazados-revelam-ate-agora/) até uma clara desassimilação da empresa Facebook com a rede social de mesmo nome, que vem perdendo popularidade a cada dia, especialmente com os mais jovens. Ambos são assuntos que renderiam discussões à parte, mas aqui pretendo focar no conceito de metaverso, que há meses vem sendo difundido massivamente pelo Facebook e que Mark Zuckerberg aposta todas as suas fichas para construir seu novo império.



O que é metaverso?

Segundo a descrição do site Techtudo, “o metaverso é um universo virtual onde as pessoas vão interagir entre si a partir de avatares digitais”, ou como o próprio Zuckerberg disse: “Você pode pensar no metaverso como uma internet materializada, onde em vez de apenas visualizar o conteúdo, você está nele”. Quem imaginou os jogos The Sims e Second Life acertou, é por aí mesmo. 

Para mim, metaverso é o futuro da internet em um caminho de torná-la cada vez mais lógica e inserida dentro do nosso mundo. Hoje a nossa experiência na internet depende basicamente de um smartphone ou de um computador e é resumida a telas. Ao acessar o Instagram, é possível interagir com as publicações e com pessoas que você optou por seguir e se conectar. Ao abrir a Wikipédia você também mergulha no conteúdo gerado naquela página. Agora imagine essa experiência de forma imersiva, onde, ao invés de ver o Instagram por uma tela, será possível “entrar” no mundo do instagram e, uma vez dentro daquele universo, interagir com todos os seus conhecidos.

Ao invés de uma foto estática, teremos um avatar, um personagem virtual. Ao invés de um perfil, teremos uma casa virtual, construída e decorada conforme imaginamos. Ao invés de comentários, curtidas e compartilhamentos, teremos uma interação virtual com quem quisermos, de qualquer lugar do mundo.



O metaverso da Meta

É importante pontuar que esse conceito não é uma criação de Zuckerberg. Ele surgiu em 1992, no livro “Snow Crash”, um romance cyberpunk escrito por Neal Stephenson. E de certa forma, já está presente conceitualmente em jogos como o Fortnite, onde os jogadores praticamente vivem uma segunda vida dentro do jogo, que quebra as barreiras de um game e passa mais a ser representado como uma comunidade.

O que o Facebook, agora Meta, busca é ser a empresa pioneira nessa nova fronteira, criando inclusive as regras do jogo e dando início a uma nova economia para artistas e desenvolvedores, uma vez que, feito de maneira open source, seja permitido expandir infinitamente todas as possibilidades que esse mundo virtual pode oferecer.

Hoje, a empresa conta com algumas plataformas que já disponíveis e em desenvolvimento:

  • Horizon Home, um espaço para ser a sua casa no metaverso, onde é possível convidar amigos, familiares para encontros, festas e confraternizações por meio de realidade virtual.
  • Horizon Workrooms, lançada recentemente, são cenários exclusivos para o trabalho, onde é possível conectar pessoas para reuniões, apresentações e construções coletivas. Todas virtuais, claro. 

A terceira vertente é a Horizon Worlds, onde as possibilidades de realidade virtual se expandem ao infinito. O que já vem sendo mapeado pela Meta são os games, simulações de exercícios e esportes (uma corrida de bicicleta mesmo em casa ou um jogo de futebol real, porém com adversários de outro país) e estudos (uma viagem virtual a Grécia Antiga para estudar história ou simulações virtuais de cirurgias ou projetos arquitetônicos). 

Inicialmente, todas essas imersões só serão possíveis através de devices, e hoje, a principal aposta da Meta é no Oculus Quest, os óculos de realidade virtual que custam entre R$ 3 mil e R$ 10 mil. Futuramente, imagina-se que a necessidade de um dispositivo se torne cada vez mais invisível, passando para um relógio ou pulseira e migrando para sensores neurológicos.



Quando poderemos usar o metaverso?

Zuckerberg prevê um uso em larga escala daqui há cinco ou dez anos. E o mundo leu esse prazo como exageradamente otimista. Os desafios para a Meta são muitos até lá, começando pela pressão atual que o Facebook enfrenta diante dos questionamentos sobre o uso indevido de dados e códigos de ética (o que uma mudança de nome não vai esconder) até o atual preço dos devices, que hoje são um enorme impeditivo. Por fim, o fato de que há muito a ser construído. Da visão de internet do futuro de Zuckerberg à o que temos hoje, é de fato uma longa caminhada, o que ele tenta justificar com investimentos. A Meta está apostando US$ 10 bilhões no metaverso, anunciou também que irá contratar 10 mil pessoas, apenas na Europa, nos próximos 5 cincos para avançar com projetos do metaverso. A expectativa da empresa é de que um bilhão de pessoas estejam no metaverso nos próximos anos.  


Vai dar certo?

Deixando as informações técnicas de lado e partindo inteiramente para o mundo das suposições, eu vejo o conceito de realidades virtuais e metaverso como um futuro irreversível, próximo e extremamente empolgante. A chegada da internet 5G, a evolução da inteligência artificial e os novos e cada vez mais comuns conceitos de blockchain, IOFs, moedas digitais e NTFs trazem mais peso e justificativas para esse mundo virtual que nos espera. 

Atualmente já passamos uma enorme parte dos nossos dias dentro de uma realidade virtual, porém interagindo com ela por meio de telas. O metaverso vem para quebrar de vez essa barreira e gerar, de fato, uma imersão aos mundo virtuais que hoje vemos pelo smartphone e também trazendo-o ao nosso mundo real.

Lembremos dos primórdios da internet e do lançamento do Windows. O conceito de área de trabalho, lixeira e pastas veio para representar um escritório real em um ambiente digital. O que estamos fazendo agora é simplesmente seguir com essa lógica, até, quem sabe, a uma futura fusão, onde distinguir o que é real do que é virtual seja impossível.

Agora, se é a Meta que vai liderar toda essa transformação, é uma resposta difícil de dizer. E não posso deixar de expressar minhas preocupações com uma única empresa liderando um movimento tão gigantesco. Sinto falta de um olhar mais autocrítico de Zuckerberg pela forma como vem liderando o Facebook, o que pode representar uma leitura desconfiada do mercado para um novo produto que esse mesmo empresário oferece. Por outro lado, tecnologia, dinheiro e pessoas é o que não faltam para a Meta, tanto que estão convictos de sacrificar sua principal plataforma hoje, para se concentrar nessa nova aposta.


A humanidade tem avançado assustadoramente em questões tecnológicas e digitais, que indiscutivelmente vem para melhorar a nossa vida. Mas espero que em certo momento as discussões éticas e morais das novas possibilidades que a tecnologia cria acompanhem este passo. O Facebook, WhatsApp e Instagram são ferramentas que inegavelmente mudaram a vida de um quarto da população mundial para melhor, mas que também geraram discussões éticas pesadas sobre proteção de dados, espalharam fake news sem nenhuma responsabilidade, elegeram personalidades assustadoras a grandes cargos políticos e aumentaram os índices de ansiedade como nunca antes visto. Se o nível da discussão ética sobre esses temas avançasse tanto quanto a capacidade dos processadores ano a ano, estaríamos muito mais empolgados e ansiosos por essa nova fronteira que vamos explorar.

Eu espero que sim, o metaverso aconteça, e vejo muito mais vantagens e boas possibilidades nele do que reveses. Acredito que a onda gerada pela Meta vá estimular mais empresas a se envolverem nesse caminho e construírem um ambiente mais plural e aberto. Se não nos autodestruirmos até lá, esse futuro tech e cheio de possibilidades será incrível.


Dicas finais: caso queira fazer uma imersão em uma visão distópica de metaverso, recomendo os clássicos Minority Report e Matrix, mas principalmente o filme Jogador Número 1.


E caso queira ver toda a apresentação de Mark Zuckerberg sobre o seu metaverso, Clique aqui.


Comentários

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