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Diga-me como trabalhas, e te direi quem tu és


Existem formas e formas de chegar a um objetivo. Por isso acredito que além do resultado final, a jornada tem enorme importância no alcance das metas. Mas as novas empresas estão pensando nisso?



Cada vez mais o mundo corporativo está mais volátil, incerto, ambíguo e complexo. A soma desses fatores faz com executivos e empreendedores tenham a sensação de estar em estado de alerta 24 horas por dia e transmitam essa sensação para seus times e equipes. Se por um lado, temos um grande crescimento de pessoas buscando equilibro entre a vida pessoal e profissional, do outro, parece que a busca sem limites pelo dinheiro que perseguia a geração X vem ganhando uma retomada alicerçada nos pilares da tecnologia e da exponencialidade. O mundo das startups é um exemplo disso. O estilo workholic está novamente sendo valorizado, a figura do chefe turrão é venerada e o tal do “no pain, no gain” é regra. Se não houver sacrifícios, não há celebrações.

Sacrifícios hora ou não, ão de acontecer. Estender o expediente faz parte vez ou outro. E para aqueles precisam compor a renda com um trabalho extra ou possuem um negócio a parte, é inevitável.
Há momento em que sim, precisamos ser mais incisivos e pressionar um pouco mais. Tudo isso faz, e sempre fez parte do mundo corporativo. A questão é que de forma alguma fazer disso rotina é saudável e sustentável.

Se esse modelo ainda faz efeito financeiro nas empresas, não há dúvidas de que está com os dias contados. É nítido o movimento por empresas mais transparentes e abertas, é nítido que pessoas preferem ambientes agradáveis a tóxicos e é nítido que é possível chegar ao mesmo nível de sucesso, sendo mais humano.

Pessoas são apaixonadas por ideias e por sentir que seu trabalho faz algum sentido para a empresa. Dar liberdade e estimular esse sentimento são os primeiros passos para o desenvolvimento de equipes confiáveis, transparentes e de alta performance.

Pessoas são apaixonadas por ideias e por sentir que seu trabalho faz algum sentido para a empresa. Dar liberdade e estimular esse sentimento são os primeiros passos para o desenvolvimento de equipes confiáveis, transparentes e de alta performance. Tive mais uma prova disso no último final de semana participando de um evento de imersão do mundo de startups.

Trabalhei com pessoas de 20 a 25 anos, jovens, dinâmicas e com um índice de profissionalismo absurdo. Foram mais de 50 horas de trabalho pesado e sob pressão, onde em nenhum momento perdemos a linha, nos desanimamos, levantamos a voz ou desentendemos. Ao contrário, em um tempo absurdamente curto, todos compraram a proposta da empresa, absorvem sua essência e deram seu máximo. O que vi naqueles dias foi compromisso claro a causa, espírito de liderança, protagonismo e muito profissionalismo. Tudo isso construído com base em uma gestão horizontal, de respeito, transparência e apoio.



O resultado disso foi um terceiro lugar, frente a 14 projetos selecionados e mais de sessenta participantes. O resultado de uma ideia inventada na quinta, apresentada na sexta, validada no sábado e finalizada no domingo. Sim, com muita pressão, muito cansaço, mas acima de tudo, com respeito e empatia.

No final desse domingo, durante a etapa de avaliações, ouvi uma frase que me chamou atenção de maneira negativa: “amizade eu faço no Facebook. Aqui eu quero ganhar dinheiro”. Discordo. Durante três dias aprendi muito e me desenvolvi profissionalmente, criamos uma empresa do zero em menos de 20 horas de trabalho. Viabilizamos ela financeiramente e de quebra fiz novas amizades.
O mundo corporativo não precisa ser tenso, pesado e frio. É insustentável. Empresas são feitas por pessoas, elas são a alma e o coração do negócio, e refletem para a sociedade os reais valores que suas marcas cultivam.

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