A principal diferença entre os atuais filmes da Marvel e DC Comics é bem nítida. Enquanto a primeira insere dramas humanos e um tom de humor a seus longas, o que traz uma fácil empática com o público. A segunda aposta em conflitos internos e em ambientes mais sombrios. Estas são apenas as atuais propostas do jogo, o que não define em nada o sucesso ou fracasso das franquias. Em Aquaman (2018), filme mais recente da DC, o estilo padronizado dos últimos títulos é deixado de lado para uma história mais leve e que propositalmente não se leva muito a sério. O resultado disso é um filme belo plasticamente, mas que sofre com um roteiro de muitas histórias e personagens caricatos e superficiais.
Os primeiros 15 minutos de Aquaman são muito bem construídos. O início de um filme normalmente tem o papel de inserir o espectador na história e datar o ritmo que a história vai tomar. Infelizmente esse prólogo é o que dê melhor Aquaman oferece. A introdução à origem do personagem e o arco dramático inicial são muito bem feitos e a primeira cena de ação é de encher os olhos. Aqui vale o primeiro destaque do filme, que se torna seu principal combustível: a ótima direção de James Wan para com a ação. Por ser filmado embaixo d’agua o diretor sabiamente utiliza de movimentos de câmera que não dependem da força da gravidade para inserir vida as disputas. Porém isso não se torna conciso, pois o diretor vai de momentos muito bem construídos, como os belos planos sequencias filmados na Sicília, a fraquíssimos combates – agravados por uma montagem defeituosa – como o primeiro duelo entre Arthur Curry (Jason Momoa) e Orm (Patrick Wilson).
Dando sequência, a primeira cena em que o herói é apresentado, serve, na verdade para introduzir um dos vilões do que a ele mesmo. E aí entramos no principal problema que o longa trás. Um roteiro com muitas histórias para contar, e que ao tentar abraçar todas, acaba não empolgando em nenhuma. O resultado disso são explicações expositivas durante todo o longa, muito contexto a ser apresentado, falta de empatia com os personagens e com a história em si, vilões fracos e uma história rasa.
Perceba, a intenção do filme foi de introduzir todos os sete reinos submersos, contar toda a história de Atlantida, de seu declínio a queda, o passado do herói e a contextualização disso tudo na situação atual em que o filme se passa. É muita informação, e acabamos recebendo um roteiro mastigado, que não oferece nenhum esforço para o espectador, apressado e que não traz emoção. O objetivo aqui parece ser contar a história o quanto antes, pouco importando envolver o espectador.
O tom que o filme imprime também é complicado. É clara a proposta de tirar sarro de si mesmo, construindo um estilo careta e muitas vezes rindo de si mesmo. Não há nada de errado nisso, porém, a questão é que as piadas não dão certo, são poucos os momentos de riso legítimo e muitos os de embaraço e vergonha alheia. Uma, em especial dita pelo homem fraco vilão Arraia Negra (Yahya Abdul-Mateen II), é vergonhosa. E falando em vilões, nenhum convence. As justificativas para seus planos, mesmo que sendo bem construídas, acabam por se perder totalmente a partir da metade do filme. Tornando-os unidimensionais e descartáveis. Essas características, por sinal não ficam somente para os vilões, pois quase ninguém se salva em cena. A tentativa de romance entre Arthur e Mera (Amber Heard) falha grosseiramente, e boa parte da jornada dos dois se mostra paralela aos demais acontecimentos. Este fato se mostra um risco grave de roteiro, uma por tirar o protagonista do centro da história, que enfraquece seu arco quanto toda a história em si, e outra por confundir o rumo que o filme quer seguir.
E falando em vilões, nenhum convence. As justificativas para seus planos, mesmo que sendo bem construídas, acabam por se perder totalmente a partir da metade do filme. Tornando-os unidimensionais e descartáveis.
Jason Momoa e Amber Heard infelizmente não entregam boas atuações. E se tirarmos todo o fato midiático de que já fomos introduzidos ao Aquaman de Momoa por outros filmes, é questionável inclusive o encaixe dele como herói. Ele segue o caminho de alguém que evita, mas que acaba por ceder a um destino que lhe é imposto. A questão é que ele nunca parece se convencer desse destino, ou compreender a real dimensão daquilo tudo. De positivo, apenas o carisma natural do ator, que não é justificativa para elogiar nenhuma atuação.
Por fim, os pontos altos do filme: a direção de arte e a fotografia são encantadoras. A construção dos mundos aquáticos é rica em detalhes e harmônica. Agrega-se a isso uma fotografia que soube muito bem aproveitar as possibilidades que o filme cria. As cores aqui ganham vida extra se comparadas aos outros filmes sombrios da DC. Saltamos muito bem de uma paleta azul e brilhante de Atlântida, para um amarelo vivo nas filmagens no deserto e na Itália. A ligação de todos esses mundos é muito bem amarrada, porém, é desnecessária, e passa a impressão de que são justificadas simplesmente para o filme ter mais momentos de ação isolados.
Aquaman é um filme que foi construído com boas intenções, mas que peca demais em querer ser tudo ao mesmo tempo e justamente por isso, não dar tempo a seus personagens. Ao final, a impressão que fica é daquelas histórias épicas que tem inúmeras coisas para contar, mas que no final nenhuma acaba cativando. Infelizmente mais um filme longo e esquecível da DC.
Concordo o início é show , mas depois torna-se cansativo deveria ter 30 minutos menos, dei umas cochiladas e olha que era sala 4D .rs
ResponderExcluirGostei da música do Depeche Mode