Tenho comigo que para conseguir resultado dentro do mercado você precisa de planejamento e organização. Tarefa essa cada vez mais árdua dentro de um mundo ágil e instável como o nosso. A pandemia foi o exemplo perfeito. Todos os boards de planejamento jogados no lixo em questão de dias.
Mas o que foi feito logo depois? Replanejamento. Por mais incerto que seja o cenário, planejar é preciso, olhar para um horizonte de longo prazo é necessário. As incertezas, pivotadas e mudanças de rumo vão seguir acontecendo. Não planejar só dificulta o caminho e deixa ele ainda mais imprevisível.
Anitta planejou Girl from Rio minuciosamente. Não vou entrar no âmbito da produção e da música em si, mas apenas dos últimos 30 dias antes do lançamento. Este prazo foi o que ela utilizou para começar a falar do assunto em suas redes sociais. Dois posts por dia ilustrando a temática e a abordagem da música.
Durante esse período, ela obteve uma atenção crescente até movimentar toda a internet transformando imagens do seu clipe e a própria capa do disco em memes. As etapas de pre-save, lançamento da música sincronizado e lançamento do clipe no dia seguinte também. Além de toda a cartilha a ser seguida com imprensa, influenciadores e publish.
Há alguns que podem dizer que Anitta fez o básico, o esperado para uma artista de proporção mundial. E tem dois fatores importantes nisso. 1) Não foi apenas o básico. Anitta fez o que muitas empresas ainda não perceberam ou não fizeram bem: entender e adaptar sua comunicação para a linguagem do digital. Ela manteve-se em alta durante todo o período da ativação, e para tempos imprevisíveis, como citado no início do texto, é desafiador. E 2) Ela fez. Na música, como em muitos outros setores, o simples fazer é um diferencial significativo que tanto valoriza quanto potencializa o trabalho.
Perceba que a cantora de maior sucesso no Brasil atualmente reservou 30 dias para lançar uma música. Se alguém no Brasil não precisa de mídia para um lançamento é a Anitta, que tem só em seu instagram 25 milhões de pessoas. O que revela um cuidado e zelo pelo seu trabalho e respeito com seus ouvintes.
Ainda vemos muitos artistas lançando álbuns completos, de uma única vez na internet. Justin Bieber, agora em março fez isso, lançando em um único dia 22 músicas. É antigo. E se ainda não é, vai ser. Os singles tem vida própria e espaço próprio para performar, eles podem ter lançamentos espaçados e tornar a vida útil do álbum maior e mais rentável para os artistas. Girl from Rio é apenas a primeira música do novo álbum de Anitta, que parece ter entendido isso, uma vez que já faz esse processo de lançamentos contínuos desde 2017.
Os streamings de música revolucionaram o setor há pouquíssimo tempo, e ali na esquina tem uma nova mudança de rumo chegando. Aqueles que perceberem primeiro, vão se dar bem.
Esses dias vi uma entrevista da Kim Farrell, diretora de marketing do TikTok na América Latina, que comentou: “a indústria da música é uma das que mais está evoluindo por causa do TikTok”. Percebam que o verbo no gerúndio indica que o potencial do aplicativo para a música ainda não chegou ao seu ápice. A fala vem da mesma plataforma que catapulta para o sucesso da noite para o dia vários artistas por meio de seus vídeos vindos de creators e pessoas comuns ao redor do mundo. Do “Oh no” até “O Carpinteiro”.
Os streamings de música revolucionaram o setor há pouquíssimo tempo, e ali na esquina tem uma nova mudança de rumo chegando. Aqueles que perceberem primeiro, vão se dar bem. Não se faz mais música pop fechado no quarto com o violão embaixo do braço, os novos hits vão ser coletivos, construídos com várias mãos, vão surfar de micro momentos e virão daqueles que melhor entenderem e perceberem o momento atual. A Anitta já percebeu isso. Entendeu, planejou e fez.
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