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Marketing feito a várias mãos

O novo marketing é colaborativo, rápido e construído mais no conceito de pesquisar e ouvir do que no criar ou inventar. O principal desafio dos profissionais da área é encontrar a conexão desses novos insights com o que sua marca quer dizer


Don Draper, o publicitário estiloso de Mad Men, dificilmente encontraria uma vaga de trabalho em qualquer empresa atual. A lógica do criativo solitário que concebe suas ideias de fellings e intuitos esporádicos há tempos deixou de ser realidade. 

A realidade atual entrega várias ferramentas e informações que facilitam a leitura de cenários e as necessidades dos clientes. Hoje, o trabalho do departamento de marketing está muito mais ligado a ideia de conciliar e organizar essas informações, do que contar com insights geniais. No entanto, para chegar a esse formato de trabalho, trago três pontos essenciais:


Organizar a informação

Dados é o novo ouro, mas dados isolados, não servem para muita cois. O caminho para transformá-los em informação (e esta informação em algo pertinente à empresa) é a base para um bom início de trabalho. E a organização é a principal forma de ter isso a mãos, atualizados e prontos para serem aplicados. Informação atualizada, organizada e bem creditada melhora o fluxo do dia, auxilia na definição dos argumentos e norteia grande parte da estratégia de marketing. 


Manter-se atento ao mercado

Com a casa organizada, é necessário encontrar espaço na agenda para não ficar preso a rotina e objetivos da empresa e sempre acompanhar os passos que o mercado vem fazendo. A grande diferença aqui é não ficar preso a concorrência ou ao segmento em que atua, mas sim mergulhar em áreas diferentes e até opostas. Tudo é válido quando se trata de marketing e na pior das hipóteses, podem gerar um bom repertório de ideias. Aqui a organização volta à tona. Deixar registrado e arquivado suas fontes de pesquisa tendem a facilitar o trabalho, caso necessite resgatá-las.

Outra questão básica é sair do escritório. Ir para a rua, para a linha de frente, acompanhar o dia a dia. Se isso não faz parte do dia a dia, force para que seja. Quem tem o marketing como paixão sabe que esse comportamento é intrínseco, e mesmo nos momentos de lazer ou descanso, sempre tem aquele olhar sobre a experiência do cliente. Esse olhar para fora permite também perder um pouco do contexto interno da sua empresa, e passar a vê-la com parte de um todo.


Construir coletivamente

Esses momentos são excelentes para interagir como clientes e até desconhecidos. A abordagem no campo, em circunstâncias naturais permite um olhar que dificilmente é adquirido por meio que qualquer pesquisa. Agregue isto ao seu olhar de profissional que entende como ninguém do seu negócio e terá a fórmula perfeita. 

E são exatamente essas pessoas que tendem a fazer cada vez mais parte do dia a dia do profissional de marketing. Seja por meio dessas conversas reais, seja testando ideias, seja convidando um grupo de clientes para conversar sobre a situação da sua empresa, entre várias outras ações. A questão é que o mundo se tornou extremamente complexo e ambíguo que é irresponsabilidade manter o direcionamento das ações de uma empresa presas a definição unilateral de uma equipe ou direção. 

Para uma tomada de decisão assertiva e rápida, é necessário, além da importante apuração de dados já citada aqui, testar ou simplesmente trocar ideias com quem vive longe do contexto da equipe de marketing. 


No final, nenhuma palavra, texto ou imagem vai falar mais que a lembrança de marca. E é o sentimento do cliente em frente a ela que resultará em lucro, empatia, aproximação e lealdade.

 

Conectar a marca

Por fim, talvez a principal e mais importante função de quem trabalha com marketing hoje: conectar tudo o que foi dito até aqui, condensar e alinhar de maneira clara ao discurso e valores da marca. No final, nenhuma palavra, texto ou imagem vai falar mais que a lembrança de marca. E é o sentimento do cliente em frente a ela que resultará em lucro, empatia, aproximação e lealdade. A construção para essa conclusão é longa, leva tempo e definitivamente sofrerá intempéries. E é justamente por isso que a jornada de análise, organização, pesquisa e conversas, muitas conversas, é tão essencial. A marca há muito tempo não é responsabilidade da área de marketing, mas de todos dentro da empresa. Mas é papel essencial da área mantê-la alinhada e próxima aos valores e propósito que todos que trabalham com ela acreditam e defendem.


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