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Histórias de marketing para um futuro próximo

Diálogos para um futuro não muito longe

Fecha os olhos e se imagine em um futuro não muito longe. Você está em casa com sua família relembrando seu passado e contando para seus filhos sobre como seus hábitos e rotinas mudaram tanto. Saudosista, você lembra do ano 2019, e daquelas situações bobas que te faziam perder um enorme tempo e que agora não existem mais. Como aquela passada no mercado ao final do expediente para pegar o pãozinho quente para o jantar. Da necessidade de agendar um mês antes uma consulta médica, pegar trânsito e filas para 10 minutos de conferência de exames, novas receitas e o agendamento da próxima. Daquele passeio no shopping para ver vitrines e quem sabe provar alguma peça e aquela passada rápida no banco para sacar dinheiro para alguma necessidade.

- Porque você precisava de dinheiro, pai? Para quando saísse sem smartphone ou algum wearable?
- Não filho. Alguns locais ainda não aceitavam nem cartão de crédito naquela época. Então às vezes era necessário.
- Ouvi dizer que naquele tempo existiam locais que abriam as portas e tinham todo o seu faturamento de clientes que entravam nas lojas para comprar. Isso é verdade?
- Hahaha, sim! Já existiam serviços de tele entrega, claro. Mais muitos hesitavam ou achavam esses complementos desnecessários.
- E as pessoas iam para esses locais por vontade própria? Por curiosidade?
- Depende do estabelecimento. Eu sei que hoje isso é irrelevante, mas a questão do local aonde você abria seu estabelecimento era uma decisão muito estratégica. Então não dependia muito do que ou como você vendia, mas principalmente de onde você estava localizado.
- Isso me parece um cenário do século passada. Aonde não existia internet e as pessoas precisavam ir as lojas para conhecer e descobrir as novidades.
- Não deixa de ser. Em 2019 a internet já existia, mas podemos dizer que era um período de transição. Para ampliar o alcance da loja alguns empresários mais organizados apostavam em algo que na época chamávamos de propaganda. Que nada mais é do que utilizar-se de meios de comunicação para informar as pessoas quem é você, o que você faz e onde você está. E aguardar as pessoas interessas irem até você.
- Aguardar?
- É, oras. No seu estabelecimento.
- Deixa eu ver se eu entendi. Em 2019 a lógica era a seguinte: Você gastava uma grana enorme para construir um lugar acreditando que as pessoas que por ali passassem iriam a bom grado entrar na sua loja e comprar de você. E caso esse número não fosse como o esperado, usar veículos de comunicação para dizer para o maior número de pessoas que você existe e pedir para que as pessoas visitem você.
- É..., acho que é isso...



- Lembro que você me disse certa vez que naquele tempo ainda existia loteria esportiva e milhões de pessoas apostavam nela, certo?
- Certo. Mas o que uma coisa tem a ver com a outra?
- Essa tal propaganda que você disse e o fato de esperar que o público entre no estabelecimento me parece muito sorte ou consequência do que ir atrás do consumidor de fato.
- Olha você não está errado, mas como disse, o mercado seguia a lógica de consumo que as pessoas tinham naquele momento. Ou talvez ele mesmo impôs essa lógica, não é?
- Pode até ser, mas para mim é um pouco difícil entender essa lógica. Porque uma escola de inglês, por exemplo, que poderia dar aulas para centenas ao mesmo tempo, se contentaria apenas com um público de 10 pessoas por hora. Aliás, por que ela precisa abrir as portas?
- Acho que no caso das escolas e da educação como um todo, as pessoas ainda viam com muito preconceito os cursos EAD, que chamávamos na época. Para a maioria das pessoas eles não tinham a mesma qualidade de cursos presenciais.
- As pessoas preferiam pagar R$ 300, mais o tempo e custos de transporte até o local, se sujeitar a um horário pré-definido do que faz fazer um curso pela metade do preço, no sofá da sua casa? Esse 2019 não fazia o menor sentido.
- Era uma forma de socializarmos também. Conhecer pessoas novas, criar networking.
- Ué, mas dentro das redes sociais dos cursos online que faço eu troco informação com muitas pessoas. E se eu precisar socializar existiam lugares para isso. Bares, pubs, eventos e shows eram comuns naquela época, não eram?
- Sim, claro que sim. Acho que fomos criamos de uma forma diferente. Minha geração viveu a transição do analógico para o digital. A sua já nasceu com a internet, isso muda um pouco a percepção das coisas.
- E quando você acha que essa transição se tornou mais clara? Durante a pandemia de 2020?
- Talvez...

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