Pular para o conteúdo principal

Menos controle, mais gestão



Quatro motivos que vem levando as empresas a revolucionar o modo de gerir seus funcionários



Teve um tempo em que essas palavras eram praticamente sinônimos. Gestão era confundida com controle e ordens. O termo gestor nem existia. Era chefe mesmo. A gestão inclusive só era vista atrelada a hierarquia da empresa. Qualquer vínculo diferente a este corria sérios riscos de causar conflito entre área.

Os tempos mudaram e atualmente a gestão “moderna” se mostra muito mais preocupada com autonomia e confiança do que qualquer outro aspecto. Muito porque é cada vez mais comprovado que esses dois fatores resultam em um melhor desempenho das equipes e mais performance das mesmas.

Essa nova forma de gerir equipes só é possível pelo claro amadurecimento das instituições e da própria sociedade, o que gerou consequências no tratamento que as empresas oferecem ao seu corpo de funcionários. Cito aqui quatro deles:

O primeiro é a evolução do departamento de Recursos Humanos, antes preocupado muito mais com burocracia envolvendo os funcionários, hoje tem seu cerne no desenvolvimento das equipes e na qualidade do ambiente de trabalho. Hoje, a participação do RH junto as definições estratégicas da empresa é essencial, prova da valorização cada vez maior das pessoas pela alta gerência.

O segundo é o fim da própria hierarquia arcaica das empresas, dando lugar a organizações horizontais onde os próprios funcionários têm papel decisório e de protagonismo.

Costumo dizer que é possível medir o nível de liderança de um profissional pelo número de vezes que ele faz uso de ferramentas de controle para buscar a performance da equipe. Quanto mais consultas, menor é seu poder de influência e menor sua liderança. 

O terceiro é preocupação genuína com a qualidade de vida dos funcionários. O salário deixou de ser fator decisório na escolha de carreira de muitos profissionais, o que levou as empresas a buscarem novas alternativas para atrair pessoas. A resposta para essa questão não poderia ser mais clara e direta. O equilíbrio entre a vida pessoal e profissional e o propósito por trás do trabalho são os novos diferenciais de contratação. Isso não significa que salários e benefícios deixaram de ser relevantes para uma decisão, apenas perdem um pouco do seu peso para causas mais abstratas.

O último fator é a liderança inspiradora. Digo inspiradora porque são vários os estilos de liderança existentes e cada um tem seu encaixe no ambiente de trabalho que o melhor exige. É uma questão de perfil que a empresa busca ou costuma trabalhar. O que não pode faltar é o cerne da liderança. De pessoas apaixonadas pelo que fazem, que compreendem o que a empresa busca e conseguem transmitir isso para sua equipe. Costumo dizer que é possível medir o nível de liderança de um profissional pelo número de vezes que ele faz uso de ferramentas de controle para buscar a performance da equipe. Quanto mais consultas, menor é seu poder de influência e menor sua liderança.


O que quero dizer com isso tudo isso é que, a sociedade atual construiu um ambiente de trabalho onde a gestão por controle cada vez mais deixa de fazer sentido, dando lugar a uma gestão mais aberta e participativa. Porém este cenário só é possível caso a empresa tenha os fatores citados acima claro em sua cultura. Sem qualquer um desses fatores a gestão com certeza se mostrará de uma forma ou outra falha. Com todos eles juntos, dificilmente essa receita dá errado.
Para fechar, há quem diga que essa receita só dá certo para times de alta performance. Tenho minhas dúvidas, mas isso é assunto para outro texto.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Metaverso

Como a empresa de Mark Zuckerberg visualiza o nosso futuro No último dia 28 o Facebook comunicou a mudança do nome da empresa, passando de Facebook Company Inc. (proprietária, além do Facebook, do Instagram e WhastApp) para Meta Platforms Inc. Muito foi dito sobre os motivos que levaram a mudança, desde criar uma cortina de fumaça para os escândalos divulgados por Frances Hauges e intitulado Facebook Papers (link: https://www.cnnbrasil.com.br/business/facebook-papers-veja-o-que-os-documentos-vazados-revelam-ate-agora/) até uma clara desassimilação da empresa Facebook com a rede social de mesmo nome, que vem perdendo popularidade a cada dia, especialmente com os mais jovens. Ambos são assuntos que renderiam discussões à parte, mas aqui pretendo focar no conceito de metaverso, que há meses vem sendo difundido massivamente pelo Facebook e que Mark Zuckerberg aposta todas as suas fichas para construir seu novo império. O que é metaverso? Segundo a descrição do site Techtudo , “o metaverso ...

O amor é a flor da pele e eterno!

“Antigamente, se alguém tivesse um segredo que não quisesse partilhar, subiam uma montanha, procuravam uma árvore, abriam um buraco nela e sussurravam o segredo para dentro do buraco. Por fim, cobriam-o de lama e lá deixavam o segredo para sempre” A frase acima é dita por Chow Mo-Wang a seu amigo Ping, no filme Amor à Flor da Pele (2000), do diretor chinês Wong Kar-Wai, em uma das histórias de amor mais bem contadas do cinema, segundo muitos críticos. Kar-Wai consegue em seu filme dedicar ao amor a tradução que talvez mais o represente: a eternidade, ou o popularmente, até que a morte nos separe. Na história, conhecemos sr. Chow e a srta. Li-zhen Chan, os dois se mudam para Hong Kong da década de 60 com seus respectivos cônjuges no mesmo dia, onde ocupam quartos vizinhos de um mesmo edifício. Em comum, além do lugar onde vivem, os dois tem a ausência total dos parceiros, e posteriormente uma descoberta: seus cônjuges estão tendo um caso entre si. A descoberta aproxi...

Divertida Mente (Inside Out) é uma viagem fantástica rumo ao autoconhecimento

O primeiro filme da Pixar, Toy Story, completa 20 anos esse ano. Toy Story foi mais do que o primeiro filme produzido em computação gráfica do cinema, a história de Woody e Buzz Lightyear representou a entrada da Pixar no segmento de animação e uma revolução no modo de fazer desenhos. Em vinte anos foram quinze filmes produzidos. Nenhum deles pode ser considerado um filme ruim, e no mínimo três deles, obras primas. E Inside Out, ou Divertida Mente no título em português, é um deles. A Pixar conseguiu criar um padrão tão alto de qualidade que qualquer filme mediano produzido por eles pode ser considerado um Dreamwor..., digo, um trabalho ruim. O estúdio reúne sete Oscars de melhor animação em nove disputados, sendo que em duas oportunidades disputou na categoria de melhor filme - Up! e Toy Story 3.                 Divertida Mente segue a linha dos filmes citados. É Pixar em sua melhor forma, abusand...