Falta de cuidado com os gastos públicos e investimentos mal direcionados não trazem boas perspectivas para o futuro dos esportes olímpicos no país. Má gestão e falta de uma visão de longo prazo agravam ainda mais a situação.
Neste domingo encerrou a 18ª edição dos Jogos Pan-Americanos, realizados em Lima, no Peru. O evento ficou marcado pela melhor participação do Brasil na história dos Jogos, superando o resultado de 2007, quando foi realizado no Rio de Janeiro.
Apesar do impactante número, um olhar mais aprofundado sobre a situação do esporte nacional mostra que o resultado pode ser uma miragem, frente a uma situação preocupante que o Brasil enfrenta a muito tempo.
É importante lembrar que nos últimos anos o país foi sede dos Jogos Pan-Americanos de 2007, no Rio de Janeiro, da Copa das Confederações em 2013, da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016, também realizado no Rio de Janeiro. Tais eventos esportivos de proporção mundial deram ao Ministério dos Esportes e as entidades ligadas ao esporte nacional, em especial a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e o Comitê Olímpico Brasileiro (COB), grande respaldo nas negociações para verbas públicas.
O resultado desses investimentos é de conhecimento de todos. Obras superfaturadas na Copa do Mundo e nas Olimpíadas, dirigentes, tanto da CBF quanto no COB presos e políticos envolvidos seguindo o mesmo caminho. Outras entidades, como a Confederação Brasileira de Voleibol e de Desportos Aquáticos tiveram problemas semelhantes, com seus dirigentes presos e ocasionando uma grave crise perante todos os atletas que dependem dessas entidades para treinos e participação em competições.
Além da corrupção e da má gestão de recursos, situações estas infelizmente comuns para os órgãos públicos, esse deprimente cenário mostra uma realidade do país muito comum também nas organizações privadas; a ausência de planejamento e de um olhar a longo prazo.
Oportunidade perdida
O Brasil perdeu uma oportunidade de ouro de transformar totalmente a realidade do esporte em seu território, mas infelizmente o foco se deu na entrega de uma boa performance de competição nas próprias Olimpíadas de 2016 e na Copa de 2014 (esta última nem tanto). O resultado foi a distribuição de dinheiro para atletas e times de alta performance. Ou seja, que poderiam trazer resultado imediato e uma boa impressão para o país. No caso da Copa do Mundo, o olhar político de levar a Copa para todas as regiões do Brasil criou elefantes brancos e deficitários até hoje. Qualquer análise mais aprofundada mostraria a ineficiência e irresponsabilidade dessa prática.
Muito pouco foi investido na formação de novos atletas, na criação de centros de treinamento, na valorização dos ídolos do esporte ou simplesmente em um melhor trabalho desses esportes dentro das escolas.
Por mais que vislumbrar um evento ou uma data específica exija sim, um enorme planejamento, é mais importante ter claro que após o acontecimento, a situação da entidade, empresa ou do país precisa prosseguir. É comum contarmos ciclos de sucesso por anos, décadas ou qualquer outro tipo de número fechado. Eles são ótimos para apresentar crescimento, impressor acionistas e atrair investidores.
O Brasil por muito tempo (ou desde sempre) é refém de gestores que vislumbram oportunidades ao invés de entregar legados. Talvez por elas serem mais fáceis de entrar e de sair. Mas ainda falta muita solidez e perpetuidade aos executivos nacionais. Esses atributos trazem comprometimento e confiança ao empreendimento, que por sua vez precisa atuar com ética e seriedade em seu mercado. Olhar o longo prazo e não tanto a oportunidade engrandece a marca e a solidifica, traz consistência. Talvez esse discurso soe estranho na era do crescimento exponencial e das startups, mas economia nenhuma resiste a um mercado e valores inflacionados por muito tempo. Assim como nossa participação em Pan-Americanos, que tende a diminuir com o passar dos anos, quando o real legado das Olimpíadas de 2016 vier à tona.
Neste domingo encerrou a 18ª edição dos Jogos Pan-Americanos, realizados em Lima, no Peru. O evento ficou marcado pela melhor participação do Brasil na história dos Jogos, superando o resultado de 2007, quando foi realizado no Rio de Janeiro.
Apesar do impactante número, um olhar mais aprofundado sobre a situação do esporte nacional mostra que o resultado pode ser uma miragem, frente a uma situação preocupante que o Brasil enfrenta a muito tempo.
É importante lembrar que nos últimos anos o país foi sede dos Jogos Pan-Americanos de 2007, no Rio de Janeiro, da Copa das Confederações em 2013, da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016, também realizado no Rio de Janeiro. Tais eventos esportivos de proporção mundial deram ao Ministério dos Esportes e as entidades ligadas ao esporte nacional, em especial a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e o Comitê Olímpico Brasileiro (COB), grande respaldo nas negociações para verbas públicas.
O resultado desses investimentos é de conhecimento de todos. Obras superfaturadas na Copa do Mundo e nas Olimpíadas, dirigentes, tanto da CBF quanto no COB presos e políticos envolvidos seguindo o mesmo caminho. Outras entidades, como a Confederação Brasileira de Voleibol e de Desportos Aquáticos tiveram problemas semelhantes, com seus dirigentes presos e ocasionando uma grave crise perante todos os atletas que dependem dessas entidades para treinos e participação em competições.
Além da corrupção e da má gestão de recursos, situações estas infelizmente comuns para os órgãos públicos, esse deprimente cenário mostra uma realidade do país muito comum também nas organizações privadas; a ausência de planejamento e de um olhar a longo prazo.
Oportunidade perdida
O Brasil perdeu uma oportunidade de ouro de transformar totalmente a realidade do esporte em seu território, mas infelizmente o foco se deu na entrega de uma boa performance de competição nas próprias Olimpíadas de 2016 e na Copa de 2014 (esta última nem tanto). O resultado foi a distribuição de dinheiro para atletas e times de alta performance. Ou seja, que poderiam trazer resultado imediato e uma boa impressão para o país. No caso da Copa do Mundo, o olhar político de levar a Copa para todas as regiões do Brasil criou elefantes brancos e deficitários até hoje. Qualquer análise mais aprofundada mostraria a ineficiência e irresponsabilidade dessa prática.
Muito pouco foi investido na formação de novos atletas, na criação de centros de treinamento, na valorização dos ídolos do esporte ou simplesmente em um melhor trabalho desses esportes dentro das escolas.
Por mais que vislumbrar um evento ou uma data específica exija sim, um enorme planejamento, é mais importante ter claro que após o acontecimento, a situação da entidade, empresa ou do país precisa prosseguir. É comum contarmos ciclos de sucesso por anos, décadas ou qualquer outro tipo de número fechado. Eles são ótimos para apresentar crescimento, impressor acionistas e atrair investidores.
Porém é cada vez mais nítido e importante dar espaço para a sustentabilidade e perenidade do negócio, não apenas para o bem do negócio em si, mas de toda a sociedade.
O Brasil por muito tempo (ou desde sempre) é refém de gestores que vislumbram oportunidades ao invés de entregar legados. Talvez por elas serem mais fáceis de entrar e de sair. Mas ainda falta muita solidez e perpetuidade aos executivos nacionais. Esses atributos trazem comprometimento e confiança ao empreendimento, que por sua vez precisa atuar com ética e seriedade em seu mercado. Olhar o longo prazo e não tanto a oportunidade engrandece a marca e a solidifica, traz consistência. Talvez esse discurso soe estranho na era do crescimento exponencial e das startups, mas economia nenhuma resiste a um mercado e valores inflacionados por muito tempo. Assim como nossa participação em Pan-Americanos, que tende a diminuir com o passar dos anos, quando o real legado das Olimpíadas de 2016 vier à tona.
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