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Descentralização, autonomia e colaboração



Um tema muito discutido ultimamente é sobre as habilidades que o profissional do futuro deverá aprender ou desenvolver para garantir seu lugar de trabalho frente aos avanços tecnológicos e ao futuro incerto nas empresas.

Se sobre as habilidades individuais encontramos grandes debates, pouco é visto sobre as maneiras de gerir e envolver esses novos profissionais dentro do mercado de trabalho. Sob meu olhar, destaco três características que contribuem para equipes mais produtivas e flexíveis e um maior engajamento dos funcionários frente aos desafios da companhia:



Autonomia: é cada vez mais claro que a função do gestor está muito mais em desenvolver as potencialidades individuais de seus funcionários e criar espaço para que o time possa construir sem empecilhos. Para isso, ter a garantia da autonomia para cada área e colaborador é fator obrigatório para o sucesso. Sai de cena a imagem do líder decisor e com o poder do conhecimento e ganha espaço a ideia do líder servidor e envolvido no dia a dia da equipe. Sua função é mais de incentivador e norteador, do que aquele ao qual preciso demonstrar meu resultado. Para este líder, perceber a equipe autônoma, ciente de onde quer chegar e performando é o maior resultado a ser esperado. Seu trabalho é o resultado do trabalho da equipe e sua mão no processo se torna invisível.

Descentralização: se da mesma forma a autonomia avança o desenvolvimento das equipes, a descentralização do poder dentro das empresas também é atitude importante na ideia de envolver toda a empresa dentro de uma causa única. Modelos hierárquicos de trabalho imperam a um bom tempo em praticamente todas as instituições. Isto se dá, primeiro pelo modelo de criação das empresas, em sua maioria criadas por uma pessoa ou um grupo que, a partir de sua expansão, desenvolveu uma estrutura que mantesse seus fundadores no topo, e outra, por que é mais fácil.

Uma das habilidades que o ser humano mais sabe é obedecer. Somos ótimos em ouvir ordens e executá-las. A própria escola nos ensina este princípio.

Por isso que, ao ingressar no mercado de trabalho, qualquer atitude que não ver, entender e reproduzir, se torna confusa. E por isso também que poucas empresas atuam com uma hierarquia de poder descentralizada. Porém, iniciar esse processo dentro de uma organização pode trazer significativos retornos voltados ao poder de flexibilidade, improvisação e adaptação a novos cenários. Em uma estrutura descentralizada a ação dos líderes ganha peso ainda maior, que além da autonomia das equipes, devem gerir profissionais proativos, abertos e criativos. Atitudes compatíveis a quem se aventura em ambientes abertos e descentralizados.


Colaboração: a colaboração entra como efeito integrador dentro da empresa. Para funcionar precisa estar integrada a cultura da empresa e também dos profissionais. Um ambiente autônomo, descentralizado, mas sem colaboração pode resultar em uma empresa rachada e perdida sobre qual rumo tomar. A construção de times mistos, diversificados e baseados em projetos também são braços da colaboração que cada vez mais vem ganhando importante papel nas corporações. Reunir equipes para resolução de um problema ou criação de um novo produto e que após executado, são desmembradas, insere para a equipe grande poder de integração, criatividade e desafio.

Cada vez mais os colaboradores se mostrar profissionais envolvidos com a empresa como um todo – ou até mesmo com o eco sistema em volta dela - do que de seu setor ou sua área técnica específica. Importante mencionar que a colaboração aqui não se define como deixar seu trabalho para ajudar ou atender o trabalho do outro. Este é um pensamento pequeno e ultrapassado. Colaboração é colocar seu nome e suas habilidades à disposição da empresa e dos desafios a ela impostos.



Importante mencionar que qualquer dessas atitudes em nada fazem efeito sem a confiança e a responsabilidade do colaborador. Se por um lado a empresa oferece um sistema de desenvolvimento aberto e inovador, é o mínimo a se esperar do funcionário comprometimento e ética profissional. Aqui, reforça-se também o olhar do gestor, que precisa ter uma noção básica do estilo e das habilidades de sua equipe, para oferecer sempre a melhor oportunidade, tanto para a empresa, quando para o colaborador.

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