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Minha visão Neandertal


Há algum tempo vem sendo cada vez mais difundida em países desenvolvidos a realização das denominadas reduções embrionárias, o nome soa leve e parece reduzir o peso de seu efeito. Trata-se de mulheres que, ao engravidarem de gêmeos, optam pela remoção de um feto, mantendo apenas o outro com vida.
A prática vendo sendo mais comum em paciente que optam pela inseminação artificial, onde dois ou mais embriões são inseridos no útero para aumentar as chances de gravidez. Um depoimento de uma mãe chega a assuntar. Ela destaca: “Se eu tivesse concebido os gêmeos naturalmente, não faria a redução embrionária. Sentiria que existe uma ordem natural que não pode ser respeitada. Mas geramos esses embriões de uma forma tão artificial que decidir quantos deles gestar me parece apenas mais uma escolha.”
Questiono-me se o adjetivo dado à pessoa que disse estas frases seja mesmo o correto.

Admiro e aplaudo muito os avanços que a tecnologia, em especial a medicina, vem apresentando durante os últimos anos. Hoje o termo milagre entra em banalização se colocado junto a transplante de córneas ou a recuperação de um bebê prematuro, vistas como práticas cotidianas nos dias de hoje. Sem falar que engatinhamos se comparado às promessas que a utilização de células tronco embrionárias e a nanotecnologia podem oferecer.
Porém, ainda engatinhando, nos damos ao direito interferir na evolução da vida. A mulher a qual testemunhou acima já possuía dois filhos. Este terceiro que virá, será tratado com menor amor por ser fecundado artificialmente? Questionando um pouco mais, por que ele se salvou e seu irmão não teve o direito a vida? A resposta ele mesmo poderá encontrar. É só procurar o médico que realizou o ato. Segundo ele, a opção foi pelo embrião de mais fácil acesso. Bastou injetar cloreto de potássio e a vida que 12 semanas antes acabara de ser criada, já não existe mais. Como ele vai reagir a isso? Nasceu usando o irmão como escudo para uma decisão da própria mãe.
Há muito a se pensar sobre isso, quando ele tiver idade para raciocinar sobre o fato, estaremos em 2030. Até lá como o assunto “vida” será tratado? Alias, como ela é tratada hoje?
Nesse joguinho de brincar de Deus, a mãe argumenta que não teria condições de cuidar de dois novos filhos, estava com 45 anos e a situação financeira do casal não era das melhores. Não é justificativa! Bom, ao menos para mim não seja! Confundo-me ao pensar o que importa mais hoje! Que mundo criamos onde 1% da população detém 38% da riqueza mundial e 1 bilhão de pessoas passam fome? Diante destes dados, o embrião abandonado vira detalhe ou princípio de tudo?
Sinal que o mundo vem evoluindo muito rápido, girando mais que sua órbita. Sinal que fiquei para trás. Entender como opção de uma paciente a morte do filho ou entender que minha Ferrari de 1 milhão e meio importa mais que 10mil crianças morrendo de fome foge do meu raciocínio. Quem sabe foi o mundo que evoluiu rápido demais! Homo Sapiens foi a Lua, decifrou o DNA e criou impérios. Eu, Neandertal, ainda brinco com fogo!






PS: As apostas abaixo me renderam mais uma cesta de DVDs!!! =)

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