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O Brasil é para amadores

O que a tragédia no RS nos diz sobre nós, e o quanto a nossa maneira de ver o mundo é perigosa e suscetível a grandes falhas. Segundo meu conhecimento, a aviação comercial é uma das áreas que possui um protocolo de segurança extremamente eficiente e organizado. Quando ocorre um raro desastre aéreo, dificilmente se dá por uma única falha, mas por várias situações que, por um motivo ou outro, saíram do planejado e resultaram em acidentes. Obviamente ele não é isento de falhas, mas reduz enormemente esse risco. O exemplo da aviação, infelizmente não é visto em outras tantas áreas, onde parece que os cuidados com segurança e prevenção não são as principais prioridades. Uso como exemplo a indústria da alimentação e a gigantesca quantidade de ultraprocessados que hoje fazem parte da rotina de bilhões de pessoas. Não é difícil conectar que a saúde dos consumidores não é lá uma das principais preocupações dessas empresas. O Rio Grande do Sul está vivendo uma tragédia anunciada há muito tempo.
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Sobre jornalismo, marketing e uma das maiores tragédias do país

Eu não entendo de prevenção de desastres, gestão de crises e ações do governo, mas entendo de jornalismo e marketing. E sobre esses dois pontos, a história tende a julgar o que aconteceu esta semana no país.  Jornalismo: Não é a maior tragédia do estado, é uma das maiores tragédias do país, e as demais regiões do Brasil demoraram ou ainda não estão entendendo o tamanho dessa escala. E parte dessa culpa recai sobre a mídia. A nível nacional não houve plantão, a programação seguiu sua transmissão normal e pouca, muito pouca prestação de serviços. O fato foi comunicado apenas de maneira jornalística. Em tragédias, o jornalismo deixa de ser veículo de comunicação e passa a ser serviço público. Para não ficarmos apenas pensando em TV e rádio: eu assino uma newsletter diária de notícias que chega para milhões de pessoas em todo o país. No dia 2 de maio, a newsletter utilizou três linhas para comunicar sobre o Rio Grande do Sul. Três linhas. O jornalismo não é mais mecânico, e os termos, as

Ted Lasso tem um sucessor

Atenção fãs de Ted Lasso, temos uma nova série para substituir a abstinência provocada desde seu término. E melhor, uma série documental que conta uma história real. Eu costumo brincar que Ted Lasso foi uma das melhores séries de fantasia que assisti recentemente. Digo fantasia porque, apesar de ser uma ficção baseada no mundo real, as motivações, desejos e reações dos personagens são tão nobres e boas, que causa a impressão que sentimentos como aqueles não têm mais espaço no nosso mundo.  E provavelmente, é por isso que ela mexeu tanto com as pessoas. Parece que veio para nos lembrar que a vida pode ser mais leve e as relações mais saudáveis.  Mas a série teve sua última temporada no ano passado, ela não foi tão boa quanto as duas primeiras, e desde então, segue deixando saudades. Um ano antes, em 2022, outra série sobre futebol, Welcome to Wrexham, estreou na FX e  contou a história da aquisição do time de futebol galês Wrexham, pelos astros de Hollywood Ryan Reynolds e Rob McElhenne

The Bear

Como anda a sua vida? Eu não faço ideia… A série O Urso (The Bear), produzida pela FX e disponível na Star+ é uma grata surpresa que aborda os sentimentos e necessidades humanas, e sua inevitável conexão com o trabalho, seja ele um local de fuga, de alívio ou de realização. Dentre as várias camadas que a série apresenta, a dinâmica interpessoal entre os funcionários do pequeno restaurante/lanchonete em Chicago, onde tudo acontece, é o que mais me pegou. Lá, podemos identificar várias personas convivendo naquele microcosmo que, em algum momento das nossas carreiras, já encontramos: a jovem prodígio e adepta ao novo, o chefe autoritário, o líder técnico mas sem tato para gestão, o profissional que resiste às mudanças, o funcionário de longa data que se vê obrigado a se reinventar. E a história não é sobre nenhuma delas, mas sobre todas elas ao mesmo tempo. Principalmente sobre a vida, as angústias e os desafios que cada um enfrenta depois que o uniforme é guardado no armário, demonstrand

Welcome to Wrexham: uma receita pronta de construção de marca

 Como dois atores de Hollywood deram uma aula de construção de marca em dezessete episódios de 20 minutos cada. E como isso é um exercício genuíno de brand equity Contexto Para quem não sabe, em 2020, os atores Ryan Reynolds e Rob McElhenney compraram o AFC Wrexham. Um time de futebol centenário do País de Gales que viveu tempos áureos na década de 70, mas que até ano passado amargou a quinta divisão do campeonato inglês. A série Welcome to Wrexham, disponível na plataforma Star+, mostra o primeiro ano desse projeto e o desafio de devolver o clube aos patamares mais altos do esporte. Celebridades investindo em marcas, e em especial no esporte não é uma novidade. Dizem que tudo começou com a parceria entre Michael Jordan e a Nike nos anos 80, que resultou na criação da Air Jordan, e que comentei nesse texto . A lógica por trás disso é denominada hoje Media for Equity. A celebridade entrega sua imagem e se coloca como um canal de comunicação em troca de participação na empresa, um negóci

Você deixaria de vender o terceiro maior item do seu portfólio por uma estratégia de branding?

  Foi exatamente isso que a Fiat acabou de fazer. A marca deixou de produzir carros de cor cinza na Itália, a terceira cor mais vendida do país. O anúncio, à primeira vista contraintuitivo, sinaliza um movimento ousado, porém calculado da montadora. Segundo dados da BASF, as cores de veículos leves mais vendidas mundialmente em 2022 foram o branco (39%), o preto (18%), o cinza (16%) e o prata (8%). Esse quadro é parecido nos últimos 20 anos, revelando uma preferência do consumidor por tons neutros. O resultado disso pode ser visto nas ruas. O predomínio dos carros neutros é notável. Vários fatores explicam esse predomínio, que vão desde custo de produção mais barato a facilidade de revenda. Para as montadoras, também tornou-se uma decisão segura, pois novas cores não deixariam de se mostrar uma aposta.  Todo esse cenário já mostra um pouco da ousadia da Fiat. Assim como no resto do mundo, na Itália as três cores mais vendidas são: branco, preto e cinza, respectivamente. O que dá ainda

Um pouco sobre o último final de semana e sobre a construção de ambientes sustentáveis

Para quem já participou de algum Startup Weekend ou de eventos similares, sabe que o principal desafio é construir uma proposta de negócio validada e viável. Esse também foi o meu objetivo na primeira edição em que participei, mas que se desdobrou em outros, ainda mais necessários do que apenas o resultado final. Estou falando da jornada, do caminho até chegar a um destino, e do propósito, a causa que move as pessoas que estão juntas em um desafio. Isso está quase se tornando papo de coach, mas antes que isso aconteça, é importante deixar claro que isso não é uma regra e não se aplica a todos. Além disso, não está relacionado apenas ao trabalho, mas também à vida. É algo muito recente, algo de uma ou duas gerações atrás, em que grande parte da humanidade conseguiu estabilidade financeira para poder criticar e falar sobre qualidade de vida, ter a possibilidade de tomar decisões e fazer escolhas de carreira. É um assunto recente, mas acredito que só tende a evoluir. Voltando ao ponto ini