- Como anda a sua vida?
- Eu não faço ideia…
A série O Urso (The Bear), produzida pela FX e disponível na Star+ é uma grata surpresa que aborda os sentimentos e necessidades humanas, e sua inevitável conexão com o trabalho, seja ele um local de fuga, de alívio ou de realização.
Dentre as várias camadas que a série apresenta, a dinâmica interpessoal entre os funcionários do pequeno restaurante/lanchonete em Chicago, onde tudo acontece, é o que mais me pegou. Lá, podemos identificar várias personas convivendo naquele microcosmo que, em algum momento das nossas carreiras, já encontramos: a jovem prodígio e adepta ao novo, o chefe autoritário, o líder técnico mas sem tato para gestão, o profissional que resiste às mudanças, o funcionário de longa data que se vê obrigado a se reinventar.
E a história não é sobre nenhuma delas, mas sobre todas elas ao mesmo tempo. Principalmente sobre a vida, as angústias e os desafios que cada um enfrenta depois que o uniforme é guardado no armário, demonstrando como aquele convívio diário invariavelmente reflete no que eles são.
Se soa conflituoso a cena em que a funcionária veterana na empresa rejeita as ordens da supervisora nova, é reconfortante observar que, com o passar do tempo, uma entende a importância da outra, e ambas encontram um caminho comum. Assim como é conflitante a necessidade de gerar conflito simplesmente para manter uma falsa hierarquia. E emociona a expectativa, ansiedade e medo que novos desafios geram nas pessoas e como elas, cada um do seu jeito, lidam com estes sentimentos.
Ao longo dos 20 episódios, com duração aproximada de 30 minutos, distribuídos em duas temporadas, tem pouca romantização, e muito caos, desordem e imprevisto. E também tem algo por trás dessa loucura que nos permite compreender por que todos estão dentro desse barco. Cada um, do seu jeito, busca suas próprias conquistas.
No fim, a resposta é a mais óbvia e clara possível: tudo gira em torno de pessoas. E pessoas são complexas, problemáticas, carregam seus medos, traumas e estão aqui para aprender. Cercar-se de pessoas boas, construir um bom ambiente para elas e juntas, vislumbrar um propósito que as conecte é um ótimo plano de negócios a ser desenhado. Que serve não apenas para um fictício restaurante em Chicago, mas também a muitas empresas ao redor do mundo.
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