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Um pouco sobre o último final de semana e sobre a construção de ambientes sustentáveis

Para quem já participou de algum Startup Weekend ou de eventos similares, sabe que o principal desafio é construir uma proposta de negócio validada e viável. Esse também foi o meu objetivo na primeira edição em que participei, mas que se desdobrou em outros, ainda mais necessários do que apenas o resultado final.



Estou falando da jornada, do caminho até chegar a um destino, e do propósito, a causa que move as pessoas que estão juntas em um desafio. Isso está quase se tornando papo de coach, mas antes que isso aconteça, é importante deixar claro que isso não é uma regra e não se aplica a todos. Além disso, não está relacionado apenas ao trabalho, mas também à vida. É algo muito recente, algo de uma ou duas gerações atrás, em que grande parte da humanidade conseguiu estabilidade financeira para poder criticar e falar sobre qualidade de vida, ter a possibilidade de tomar decisões e fazer escolhas de carreira. É um assunto recente, mas acredito que só tende a evoluir.


Voltando ao ponto inicial, talvez este tenha sido o nosso grande prêmio do final de semana. Nove pessoas que nunca haviam trabalhado juntas construíram um ambiente de trabalho de cooperação, apoio, respeito, comprometimento e alta performance. Nos conhecemos, definimos alinhamentos e objetivos, entendemos as fortalezas de cada um, dividimos tarefas, confiamos, nos estressamos, aceitamos a pressão e rimos muito.


A liga de tudo isso foi um propósito em comum. Quem estava ali, além de ter excelência e profissionalismo em sua área, acreditava no objetivo final construído. É um exemplo de uma esfera micro, mas que pode ser traduzida para o macro. Olhamos o porquê, e não o "o quê", como Simon Sinek em seu livro "Comece pelo porquê", exaustivamente explicou. E apesar de muitos já conhecerem a teoria, ainda não é algo comum de se ver na prática. Vez ou outra destinado a um projeto paralelo. O modus operandi continua sendo o "o quê".


Isso também nos leva a fazer questionamentos sobre como ainda encaramos a vida, quase sempre baseados no resultado e não na jornada. Por que os cases de sucesso estão sempre centrados naquilo que gera mais lucro ou maior retorno financeiro? É evidente que esses são parâmetros fundamentais, mas está cada vez mais claro que não devem ser os únicos. E assim nos deparamos com uma situação em que todos sabem e concordam, mas poucos fazem algo para mudar. Porque, se eu fizer e meu concorrente não fizer, o risco será todo meu e não dele.


Entendo, concordo, mas não considero que este seja o ponto final da conversa. O olhar sustentável e de longo prazo exige um pensamento mais abrangente sobre o negócio. Seja para promover soluções que se preocupem com o consumidor e a sua comunidade, ou simplesmente para melhorar o ambiente interno dos colaboradores. Considerar trabalho, apenas trabalho, guardada a bolha de privilégio em que vivemos, é algo fadado.





A Nova Economia já forneceu provas e caminhos para a revisão da maneira como enxergamos o trabalho, as marcas, o consumo e o planeta. Meu lado otimista me diz que é uma questão de tempo, que estamos constantemente evoluindo para ambientes mais abertos, atóxicos e sustentáveis. E o final de semana foi mais uma prova disso, dá sim para entregar performance e um ambiente acolhedor e humano ao menos tempo. A mudança sempre começa pela gente.



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