Se você tivesse que optar entre uma enorme experiência na sua área ou uma vontade igualmente grande de aprender, qual escolheria? Para Stefan Hyttfors, futurista sueco, não há dúvidas em optar pela segunda opção. Afinal, os novos desafios do mundo pedem respostas para perguntas que ainda nem surgiram. Junto a isso, vem a imagem dos novos protagonistas para estes desafios, que constituem uma liderança sustentável, esta, baseada nos três pilares da sustentabilidade.
Em meio as ótimas newsletters da The Shift, me deparei com um texto sobre Stefan Hyttfors, um autor e futurista sueco que debate as possibilidades e as necessidades de um olhar sustentável para o mundo e que destina parte dessa responsabilidade para as empresas e seus líderes. Para estes últimos dá-se o termo liderança sustentável, conectado a seus três aspectos fundamentais: ambiental, social e econômico.
De acordo com Hyttfors, o líder de hoje que abraça o conceito de líder sustentável entende que é preciso se adaptar às mudanças. “Em vez de experiência, em um mundo em rápida mudança, o líder deve se concentrar no aprendizado”, defende. Até alguns anos atrás, a experiência era praticamente uma garantia para um executivo chegar mais longe. O princípio motivador era acumular o máximo de experiência e compartilhá-la dentro da organização para “criar uma comunidade forte e bem-sucedida”. “A experiência é a compreensão de como costumávamos resolver problemas. Mas se os problemas e a possível solução são completamente novos, temos que enfrentá-los com uma mente aberta, humilde e curiosa”, completou o autor.
A provocação traz à tona dois conceitos recorrentes no mundo atual: a ideia de aprendizado contínuo, popularizada no termo lifelong learning e o conceito do líder humanizado e antifrágil.
Aprendizado Contínuo
Quanto ao primeiro, o debate desperta questionamentos que mostram-se corriqueiros para os tempos atuais. Se por um lado as habilidades comportamentais (os chamados soft skills) tendem a ser cada vez mais valorizadas, a experiência técnica, ainda que necessária, não se sustenta sem uma evolução contínua, ou com o próprio skill de aprendizado integrado. O ponto não é questionar a experiência daquele que a contém, mas deixar claro que somente ela não basta.
Trazendo o debate para o marketing, mas crendo que servirá para muitas outras áreas, é impensável considerar ficar desconectado do que de mais atual vem sendo feito e debatido no setor. Recentemente propus esse debate justamente quando coloquei de lado os grandes nomes históricos do marketing com profissionais atuais que vem ditando as novas regras. E a resposta é lógica, nem um, nem outro, mas os dois. Unir experiência profissional, tendo como base os grandes conceitos sobre o tema, a um olhar de aprendiz e de constante evolução, criam uma mistura eficiente e necessária para os dias atuais.
Liderança Sustentável e Humanizada
Porém, de nada vale este olhar sem um estilo de gestão voltado para pessoas. E aqui, o conceito de aprendizado contínuo se mantém, pois até mesmo os soft skills precisam de revisão constante. Constante, é esta mesma a palavra. Porque apesar de concordar que comportamentos demoram mais tempo para mudar do que tecnologias e processos, essa mudança é cada vez mais curta e rápida. E, mesmo sabendo que ainda convivemos com estilos de gestão datados, para as empresas mais atualizadas um intervalo de cinco anos já representa enormes mudanças na prática com as pessoas. E um desses exemplos é o da liderança humanizada.
"líderes que compartilham seus fracassos e arrependimentos constroem conexões mais profundas com suas equipes"
Esse novo papel do líder foi demonstrado pelo o autor best-seller Daniel Pink, em entrevista ao podcast “What I Know”, do site Inc. Pink revela que líderes que compartilham seus fracassos e arrependimentos constroem conexões mais profundas com suas equipes. “Acho que há algo saudável em líderes falarem sobre seus arrependimentos com sua equipe e depois falarem sobre o que aprenderam com esse arrependimento, que lição eles tiraram e como vão aplicá-lo daqui para frente”, disse ele.
A ideia é transformar a dor de lidar com o arrependimento em aprendizado, e um passo inicial pode ser simplesmente reconhecê-lo pessoalmente. Fazer isso pode não apenas gerar uma conversa útil, mas também estimular melhores comunicações no futuro, já que o líder demonstrou vulnerabilidade.
É nítida também a transformação do líder auto suficiente e dono da verdade, para o líder agregador e construtor. Acima de conhecimento técnico, que sim, é muito importante, há o interesse genuíno pelas pessoas e por desenvolvê-las. Há muito tempo para crescer em uma empresa era necessário passar por uma etapa de gestão de equipe. E o que para alguns dava muito certo, para outros era um desafio difícil de ser realizado, e que por muitas vezes comprometia a carreira de um excelente profissional. E é por isso que hoje as carreiras horizontais atraem uma gama de profissionais que querem se desenvolver profissionalmente sem o pedágio da gestão, e outros que não tem o apuro técnico ideal, mas que constroem times extremamente engajados.
Toda essa história não deixa de ter seu lado super otimista, visando um futuro onde seremos voltados pelo conhecimento e aprendizado, movido por pessoas e atuando onde somos melhores. E não deixa de ser. Mas costumo trocar o termo otimista para ideal. A construção aqui é para um futuro ideal, cada vez mais justo e digno. Não diria nem que esse futuro é possível, mas necessário.
Fontes:
Newsletter The Shift
Inc.: https://www.inc.com/christine-lagorio-chafkin/daniel-pink-leadership-failure-communication.html?utm_source=The+Shift+Newsletter&utm_campaign=d5f63b1d83-THE_SHIFT_CR_2022_02_07&utm_medium=email&utm_term=0_7f93052ef8-d5f63b1d83-435266942
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