Parece simples, mas ter definido claramente qual o rumo que sua empresa está tomando é uma das decisões mais importantes no quesito de um crescimento sustentável para o negócio, como também financeiramente. Entendo que um planejamento estratégico empresarial bem construído, depois dos valores e princípios institucionais, é o que de mais importante uma empresa guarda. É ali que estão os direcionamentos para todos os recursos e ações que todos os funcionários executarão nos próximos meses ou anos. O peso que aquelas palavras possuem é enorme. Porém, de nada vale toda essa construção se ela não é compreendida e entendida pela equipe. Muitas empresas tem a prática de guardar o planejamento estratégico escondido a sete chaves e de acesso apenas do alto escalão. Erro grave. Quanto mais claro, construtivo e aberto, mais ele será absorvido e compreendido pela equipe, e consequentemente, pelos clientes.
Nos tópicos abaixo, justifico parte do meu pensamento e destaco ações necessária para uma estratégia clara e aberta a todos.
Comunicação interna: em empresas organizadas hierarquicamente e com muitos funcionários, o desafio da comunicação é sempre complicado. Dificilmente um direcionamento da direção chega como imaginado na equipe de vendas ou operação. Por esse motivo, a clareza na linguagem da estratégia deve ser muito bem estudada. Ultimamente vem ganhando destaque o conceito de Propósito Transformador Massivo (PTM), que vem da cultura agile e dá um tom de grandiosidade a entrega final de uma empresa. Encontre o seu PTM, e o traduza em valores percebidos pela sua equipe. Aqui vale muito pesquisas e testes antes da divulgação oficial para avaliar a percepção e entendimento do grupo quanto a tua causa.
Engajamento: Melhor que comunicar, é construir coletivamente. Por mais que sua empresa contrate uma consultoria externa para a construção de um planejamento estratégico ou as decisões fiquem restritas a alta chefia, é absolutamente necessário envolver toda a empresa na construção do projeto. Busque subsídios com o time, instigue eles a construir coletivamente, realize atividades intuitivas e não deixe a interação com a equipe ser passiva. Calcule esse engajamento, gamifique e coloque a empresa inteira, de fato, com sentimento de pertencimento aquela construção.
Ao final do projeto, continue inserindo estímulos. Mantenha o canal aberto e treine seus gestores para serem lideres ouvintes. É comprovado que equipes engajadas e envolvidas em algo que acreditam são mais produtivas e criativas.
Economia: Saber para onde está indo evita tomar diferentes caminhos, o que mantém sua energia focada naquilo que foi entendido como prioridade para a empresa e não desvirtua as demais equipes. Esses outros caminhos podem até se tornar lucrativos e rentáveis no decorrer do tempo. Mas parto do princípio de que a energia gasta em uma frente, não será a mesma utilizada em outra. Se minha produção é de laranjas, está mais de acordo com minha estratégia investir no valor agregado do meu produto, do que plantar limões. É obvio que uma decisão desse calibre envolve vários cálculos e projeções. Mas acrescento também a esta conta o envolvimento de pessoas, o tempo de adaptação e a troca do modelo mental de A para B.
Muitas vezes decisões como estas são baseadas num melhor aproveitamento de recursos ou tempo. Se toda manhã levo laranjas ao armazém, posso levar também limões. Ou posso aproveitar a entressafra da laranja para plantar limões. Sim, não pensamentos e decisões importantes e sérias para se avaliar. E são justamente essas decisões que uma estratégia clara pode responder de maneira simples e direta.
Se minha estratégia, construída em acordo com toda a minha empresa, baseada a fatos e dados de mercado diz que devo investir em laranjas. Por que raios estou envolvendo toda a minha equipe a produzir limões?
Flexibilidade: Aqui um ponto de atenção. Ter clara uma estratégia empresarial, saber o rumo que está tomando, aonde e como quer chegar são decisões essenciais e altamente importantes. Porém, elas não devem ser imutáveis. Uma estratégia bem construída deve ser baseada no maior número possível de dados e informações, e seu acompanhamento também. Um planejamento estratégico precisa ser sempre vivo, e isso não significa necessariamente mexer no que já está definido, mas confirmar as convicções. Caso novos dados, novas mudanças apontem outra direção ou novos caminhos, aí sim, é importante falar sobre.
Decida coletivamente: Uma mudança de rumo, por menor que seja, envolve o trabalho e planejamento de outras pessoas. Aqui é mais uma prova de como a clareza na transmissão da estratégia se faz essencial: caso essa mudança se mostre realmente necessária e lógica, certamente não haverá desconfortos por parte da equipe. Partindo do fato de que esta mesma equipe participou da construção do projeto de planejamento, o entendeu e segue o acompanhando. Caso sua decisão de mudança fuja do contexto da estratégia, ela deixa de ser clara, o que pode trazer desconfiança ou desmotivação por parte de alguns. Em todo caso, e por mais que a palavra final seja sua, decida coletivamente com sua equipe. Isso traz peso de responsabilidade a decisão tomada e compromisso coletivo.
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