Pular para o conteúdo principal

É hora da sua empresa parar de contratar funcionários




Não gosto do termo “vaga de emprego”. Subentende-se aos que se candidatam que estão disputando um acento livre, que pode ser ocupado por qualquer outro, como se trabalho fosse algo corriqueiro, uma necessidade a ser suprida.
Se o então candidato consegue a tal vaga, ele então passa a ser chamado funcionário da empresa. Funcionário, segundo definição do dicionário é “aquele que exerce, desempenha funções”. E convenhamos, realizar e desempenhar funções não é algo de todos desejem para suas vidas.
Ocorre que não é apenas o conceito de funcionário vem mudando, como também o conceito de trabalho. E se abrir vagas para contratar funcionários funcionou muito bem até hoje, isso não significa que será assim daqui para frente.
Muitas empresas vêm substituindo a palavra funcionário pelo termo “colaborador”. O intuito aqui é designá-lo como alguém que colabora com o desenvolvimento, que é peça importante no crescimento da mesma e celebra e comemora as conquistas junto, porque sabe que foi parte de um todo.
Particularmente gosto do termo apesar de ouvir várias críticas a ele. A questão é que de nada vale uma empresa utilizar-se da nomenclatura “colaboradores” e tratá-los como funcionários. O mercado de hoje prova que existem formas melhores e mais produtivas de envolver pessoas. Exemplo disso é o setor de Recursos Humanos que cada vez mais ganha espaço nas empresas.
Trago aqui algumas formas de pensamentos que entendo serem essenciais para transformar funcionários em colaboradores:



Gestão participativa: 

O pilar base é entender que o capital humano é o principal recurso de uma empresa. E por entender, lê-se construir um ambiente de trabalho, de processos e de condições que valorizem e priorizem as pessoas envolvidas. Uma gestão participativa gera mais engajamento e integração da equipe, isso reflete em uma empresa mais humana, eficaz e produtiva. O alinhamento de uma missão, visão e um propósito claros e construídos para todos agrega no desempenho da equipe, que sabe para onde a empresa caminha e tem consigo os ideais que estão em jogo.


Empoderamento da equipe: 

Uma vez criado um ambiente propício a participação das pessoas, é hora de dar poder a elas. Esse poder pode ser significado de diferentes formas, como por exemplo ceder na tomada de decisões, dar liberdade, delegar trabalho, discutir ideias ou simplesmente ouvi-las. Uma vez a equipe sentindo-se de fato empoderada (veja que quem define o empoderamento é a equipe, e não o gestor) os resultados surgirão na forma de agilidade na execução, participação e envolvimento. É importante que esta delegação de responsabilidades ocorra em todos os níveis da empresa, tornando-se parte da cultura da mesma. E isso necessariamente resultaria na necessidade de uma:


Liderança democrática: 

A forma de gestão dos líderes da empresa talvez seja a peça chave para o sucesso do projeto. E não por acaso, uma liderança próxima de sua equipe, que dá liberdade e serve seus liderados é tão rara atualmente. Neste modelo, o líder é aquele que vai acompanhar todo o processo e mantê-lo funcionando, alinhado com o pensamento da empresa, motivando a equipe e desenvolvendo seus próximos. É o líder democrático que dá voz, defende e dita o ritmo de sua equipe. É ele também quem celebra junto e deixa os holofotes de lado. No final o resultado é de todos, e não de um só.


Transparência e clareza de informações e processos: 

Uma vez a empresa cumprindo com sua visão, desempenhando seu papel junto ao mercado e promovendo um ambiente integrado e produtivo, é hora dos fluxos de informação e processos correrem da maneira mais simples e ágil. O trabalho da alta direção aqui é passar confiança e credibilidade a suas equipes, seus clientes, acionistas e investidores. Isto se dá diante do desenvolvimento de uma empresa enxuta, correta e ética. Internamente, a intenção é oferecer um ambiente em que tanto a informação quanto o andamento dos processos fluam e não encontrem barreiras. Barreiras essas que podem significar tanto dúvidas ou desconfianças quanto burocracia desnecessária e retrabalho. Metodologias de LEAN e métodos ágeis surgem como princípios extremamente necessários neste momento.


Setor de Recursos Humanos fortalecido e estratégico: 

Foi-se o tempo em que o departamento de recursos humano servia para admissões, demissões e liberar a folha de pagamento. Hoje em dia recursos humanos deve ser o braço direito de qualquer direção. Precisa ter a visão geral do negócio e acompanha-la diariamente como um parceiro estratégico. Lê-se aqui tanto estratégico para o negócio quanto para as pessoas e suas individualidades. Um plano de carreira de sucesso é aquele que desenvolve tanto a pessoa quanto o cargo. Aqui, prioriza-se a atuação de um Recursos Humanos como promotor de uma cultura organizacional propícia para este desenvolvimento coletivo e de um agente direto para a evolução das pessoas dentro da empresa. Tanto líderes, quanto liderados.

O que quero dizer com tudo isso é que se sua empresa segue contratando funcionários e ignorando a necessidade de torná-los colaboradores, é melhor rever alguns conceitos. As novas gerações de mão-de-obra buscam cada vez mais atrelar carreira profissional com qualidade de vida. E esta qualidade de vida engloba também a qualidade no trabalho, que em nada combina com a ideia de ser mais um funcionário.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O amor é a flor da pele e eterno!

“Antigamente, se alguém tivesse um segredo que não quisesse partilhar, subiam uma montanha, procuravam uma árvore, abriam um buraco nela e sussurravam o segredo para dentro do buraco. Por fim, cobriam-o de lama e lá deixavam o segredo para sempre” A frase acima é dita por Chow Mo-Wang a seu amigo Ping, no filme Amor à Flor da Pele (2000), do diretor chinês Wong Kar-Wai, em uma das histórias de amor mais bem contadas do cinema, segundo muitos críticos. Kar-Wai consegue em seu filme dedicar ao amor a tradução que talvez mais o represente: a eternidade, ou o popularmente, até que a morte nos separe. Na história, conhecemos sr. Chow e a srta. Li-zhen Chan, os dois se mudam para Hong Kong da década de 60 com seus respectivos cônjuges no mesmo dia, onde ocupam quartos vizinhos de um mesmo edifício. Em comum, além do lugar onde vivem, os dois tem a ausência total dos parceiros, e posteriormente uma descoberta: seus cônjuges estão tendo um caso entre si. A descoberta aproxi...

Metaverso

Como a empresa de Mark Zuckerberg visualiza o nosso futuro No último dia 28 o Facebook comunicou a mudança do nome da empresa, passando de Facebook Company Inc. (proprietária, além do Facebook, do Instagram e WhastApp) para Meta Platforms Inc. Muito foi dito sobre os motivos que levaram a mudança, desde criar uma cortina de fumaça para os escândalos divulgados por Frances Hauges e intitulado Facebook Papers (link: https://www.cnnbrasil.com.br/business/facebook-papers-veja-o-que-os-documentos-vazados-revelam-ate-agora/) até uma clara desassimilação da empresa Facebook com a rede social de mesmo nome, que vem perdendo popularidade a cada dia, especialmente com os mais jovens. Ambos são assuntos que renderiam discussões à parte, mas aqui pretendo focar no conceito de metaverso, que há meses vem sendo difundido massivamente pelo Facebook e que Mark Zuckerberg aposta todas as suas fichas para construir seu novo império. O que é metaverso? Segundo a descrição do site Techtudo , “o metaverso ...

Aerosmith

Eu sou cria dos anos 90, então queria mesmo era ver hit atrás de hit do vocalista de roupas extravagantes e jeitos e trejeitos exagerados. Conheci Steven Tyler e companhia no lançamento do clip de Fly Away From Here, em 2001. Apresentado como o clip mais caro da história até então, e ambientado em um ambiente futurista, com direito a luta de robôs e Jessica Biel, a música me pegou na hora. Fui atrás de quem era aquela banda e me surpreendi duas vezes. Uma por serem os mesmos músicos da música tema do filme Armagedon, que mais tarde fui entender como a fantástica I Don’t Want to Miss A Thing. E outra por se tratar de uma banda ativa desde 1970. Talvez esse seja a principal resposta para o Aerosmith ainda fazer sucesso depois de 46 anos de estrada. E o que se viu no Anfiteatro Beira-Rio na noite de ontem foi um compilado de hits que buscaram agradar a incríveis três gerações de fãs. Da arquibancada, em minha frente via três casais com seus 30 a 40 anos. Ao meu lado, uma senhora de ...