Sábado, 21:05,
Trecho Carazinho – Passo Fundo, Km-25
Depois de um dia cansativo, porém recompensador, a rotina de retornar
para casa pela RS-285, mantém-se inalterada. A música no rádio anima os 45 km
que separam partida de chegada. O dia já é quase noite quando as luzes do farol
iluminam um sujeito solitário no meio do nada, seguido por um cachorro. O seu
andar é lento e vagaroso, sem pressa e sem destino. O cachorro segue atrás, também
a passos lentos, parecendo acompanhar a jornada de seu provável dono.
A música parece não animar mais, o volume diminui e o silêncio toma
conta. O dia até então foi animado, bonito e inspirador. Até aquele momento,
onde aquela cena faz perder o sentido de todas as 21 horas passadas.
Em minutos a escuridão tomaria conta, em minutos o frio chegaria mais
forte, em minutos a chuva chegaria e em minutos a única luz a ser vista por
aquele andarilho era a dos faróis dos carros que cortam seu caminho. Dos faróis
que por segundos passam pela sua vida, na ilusão de iluminar, mas que assim
como a escuridão, cada vez mais a apagam. Faróis como os meus, que para ele,
não fazem importância. São como flashes, luzes ocasionais que por segundos
iluminam um caminho que permanecerá escuro. Luzes falsas, que mostram uma via
ao qual ele não faz parte, um sentido ao qual ele não conhece. Talvez por isso
ele siga rumo a escuridão, aonde o desconhecido parece ser mais próspero que a
sua própria realidade.
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