Meus últimos
inícios de ano seguem uma rotina fantástica! Além de Sol, praia, mar e verão, é
a época do ano que mais fico próximo do cinema, a arte que escolhi por paixão!
O motivo é os Academy Awards, ou a premiação do Oscar, que este ano aconteceu
no último domingo!
Mesmo sendo
uma premiação que contempla Hollywood e o cinema norte-americano, a qualidade
dos filmes, inegavelmente é superior ao que acompanhamos no restante do ano. É obvio
que festivais como Sundance, Berlim, Veneza e principalmente Cannes também são
supervisionados, mas com a grande comercialização dos filmes indicados ao Oscar
e também o “clima” de férias de fevereiro oportunizam uma pesquisa maior nessa
época. O Oscar também abre portas para uma análise mais profunda dos filmes,
nos faz assistir a uma película com o olhar voltado nas atuações, na
fotografia, na direção de arte, na ideia do diretor e nos diálogos propostos
pelo roteirista. Ao mesmo tempo que os ouvidos ficam atentos a edição e mixagem
do som e a trilha sonora! Tudo isso, junto, constrói uma obra prima, analisando
cada peça individualmente podemos escolher os melhores em cada categoria,
analisando o conjunto da obra, o mundo reverencia aquele que ficara com o título
de melhor do ano.
Parênteses: a quatro anos seguidos faço apostas nos indicados. Até hoje o saldo é mais positivo do que negativo. Faço isso por dois motivos: primeiro, pela emoção de acompanhar a cerimônia com a possibilidade de ganhar dinheiro, claro. Segundo, pois me obriga a assistir aos filmes e analisá-los integralmente, alguns sendo necessário ver mais de uma vez. Sempre faço dois palpites, o primeiro pela aposta em si, analisando também as premiações anteriores e o próprio modo como funciona a premiação. E o segundo pelo meu próprio gosto! É interessante notar que com o passar do tempo essas duas opções vem se igualando.
Extravagâncias a parte, considero o Oscar minha escola de cinema. Lembro que nos primeiros anos pesquisava o que fazia um design de produção para entender o que isso representava no filme, e isso me fez observar cada detalhe escondido em cenários e ambientações. Lia sobre a pesquisa incrível que um figurinista faz para cada roupa do filme, e compreendi a paixão por detrás daquele profissional que passa duas semanas buscando um réplica de um anel de 1920 que talvez nem apareça em cena. Ficava de boca aberta com o estudo de cena de um diretor de fotografia para captar o melhor ângulo e a melhor iluminação, sem falar na genialidade de diretores, atores e roteiristas em deixar tudo perfeito e verossímil diante da câmera.
Este ano,
infelizmente por falta de tempo e atrapalho na agenda, acabei vendo muito pouco
dos filmes indicados, mesmo assim consegui ver os principais. E quando um filme
te desperta o desejo de escrever sobre ele, é melhor deixar-se envolver e
soltar a palavras. Vamos lá então:
Doze anos de escravidão (12
Years a Slave):
Resumo: O filme conta a história de
Solomon Northup, um homem negro livre
que foi sequestrado e vendido como escravo.
Indicado a 9 Oscars, vencedor
de 3:
Filme
Roteiro adaptado – John Ridley
Atriz Coadjuvante – Lupita Nyong’o
A história absurda adaptada do
livro com o mesmo nome do próprio Solomon Northup é incrível, triste e vergonhosa. O filme em si é
grandioso, principalmente pela mão firme do diretor Steve McQueen, que por duas
horas conduz o espectador de modo linear, deixando espaço para Chiwetel Ejiofor (indicado a melhor ator) e Lupida Nyong’o (Oscar de melhor atriz coadjuvante em seu primeiro filme)
brilharem. É interessante notar como em momentos de muita brutalidade, McQueen
parece esconder-se com a câmera e em outros momentos mantem-se distante do
ato em cena, como se mostrasse vergonha pelo que está presenciando, ou até mesmo
passando ao telespectador a própria impotência deste, diante de flagelos
explícitos. Em uma das cenas mais angustiantes do filme, isto fica
nítido quando observamos, em câmera estática, um escravo lutando pela
própria vida. McQueen nos insere no contexto da história, que, mesmo contrários
a escravatura, não temos (naquela época) poder algum sobre ela.
O
roteiro de John Ridley (Oscar de melhor roteiro) é preciso neste ponto,
dando destaque a fé cristã da época como tentativa para justificar a
escravidão. Ao mesmo tempo em que donos de fazenda recitam trechos bíblicos e
os traduzem da forma que há de convir, com discursos prontos e na ponta da
língua, de um outro lado vemos escravos cantando canções religiosas de olhos
fechados e lágrimas nos olhos. Com isso o roteiro sugere também um
questionamento sobre fé, religião e com o homem utiliza-se dela para seus
próprios interesses. Sejam eles capitais (fazendeiros) ou buscando uma redenção
(escravos).
E
redenção é o que consegue Chiwetel Ejiofor. Destaque também para o trabalho de
maquiagem do filme que transpassa os doze anos de escravidão do protagonista com
detalhes sutis, como fios de cabelos brancos, marcas de chicote e fisionomia
pesada. Ejiofor tem presença de palco o filme inteiro e se sua atuação não
exige muita performance física (comparado aos demais concorrentes ao Oscar), a expressão facial do ator impressiona, e a
transformação do homem culto e formal, ao desespero de perder a sua vida e sua
família da noite para o dia comovem e marcam! Lupita Nyong'o e Michael Fassbender
(também indicado a melhor ator coadjuvante) colaboram para o grande elenco do filme com
atuações fortes e impecáveis.
Acima de todos
seus detalhes técnicos, Doze anos... é um filme que deve ser visto pela sua crítica pesadíssima a humanidade e questão da escravidão, tantas vezes
debatida, mas infelizmente ainda não superada. Fiquei muito feliz em saber
que o livro de Solomon e o longa de McQueen serão distribuídos nas escolas públicas
norte-americanas a partir de setembro como ferramentas de estudo. Diante disso,
o Oscar é mera regalia.
Chiwetel Ejiofor
Cena que deu o Oscar a Lupita
O Lobo de Wall Street (The Wolf
of Wall Street):
Resumo: A história de Jordan
Belfort, um estelionatário e boa vida de Wall Street.
Indicado a 5 Oscars, não venceu
nenhum
A história de Jordan Belfort, que
chegou a ser milionário enganando pequenos investidores em Wall Street é vivida
por Leonardo DiCaprio (indicado a melhor ator), novamente em uma atuação excelente.
Assim como “12 anos...”, Wall Street é um filme robusto, com três horas de
duração é muito provável que nas mãos de qualquer diretor menos experiente o
filme virasse um vexame. Por sorte, quem tomou as rédeas do projeto foi o gênio
Martin Scorsese, e Wall Street é scorsesiano ao extremo. Da decupagem rápida e
intensa, passando pelas tomadas geniais e extensas como a luta entre DiCaprio e
Johan Hill (indicado a melhor ator coadjuvante) até a trilha sonora que encaixa
perfeitamente e vai de Foo Fighters a Elmore James.
O resultado é que mesmo com 180 minutos, o filme nunca perde o ritmo, que acompanha os altos e baixos da vida de Belfort, graças também a um roteiro muito bem elaborado, de diálogos empolgantes e muito palavrão. É interessante notar que Scorsese, mesmo contanto a história de Belfort e fazendo ele próprio narrá-la ao público, acaba enganando o próprio Jordan e praticamente desfazendo-se de seus trejeitos a partir de que a história toma contornos ridículos. Se nas primeiras cenas DiCaprio dialoga com a câmera quase que dirigindo o filme, aos poucos essa abertura é esquecida e o terceiro ato do filme, com exceções de narrações em off, é visto inteiramente sob o olhar do espectador.
O resultado é que mesmo com 180 minutos, o filme nunca perde o ritmo, que acompanha os altos e baixos da vida de Belfort, graças também a um roteiro muito bem elaborado, de diálogos empolgantes e muito palavrão. É interessante notar que Scorsese, mesmo contanto a história de Belfort e fazendo ele próprio narrá-la ao público, acaba enganando o próprio Jordan e praticamente desfazendo-se de seus trejeitos a partir de que a história toma contornos ridículos. Se nas primeiras cenas DiCaprio dialoga com a câmera quase que dirigindo o filme, aos poucos essa abertura é esquecida e o terceiro ato do filme, com exceções de narrações em off, é visto inteiramente sob o olhar do espectador.
Scorsese
tem consigo um trunfo. Leonardo DiCaprio aparece praticamente em todas as cenas
do filme e é a alma de Wall Street. Dá tom a história, incorpora o protagonista
com força e humor e constrói, no mínimo, três cenas memoráveis durante o filme.
A parceria com Johan Hill encaixa e o restante do elenco também não fica para
traz, oferecendo alívios cômicos ao longa. Destaque também para a montagem do
filme, difícil e certeira e que, diferente de “Trapaça” (indicado a melhor
filme), constrói uma boa harmonia entre os principais núcleos do filme e
oferece espaços longos e de destaques para atuações e diálogos.
Ela (Her), de Spike Jonze:
Resumo: Relação de amor (?)
entre Theodore e seu sistema operacional.
Indicado a 5 Oscars, vencedor
de 1:
Melhor roteiro original
Sim, a história do filme é essa
mesma do resumo e é incrível. O novo filme de Spike Jonze pode ser analisado de
duas formas: a primeira, sobre um prognóstico do nosso futuro e da interação,
cada vez mais forte, que temos com computadores e smartphones. E a segunda, que
questiona o que são nossos sentimentos, como eles se formam e qual a
necessidade que temos de nos relacionar nesse mundo. Jonze é perspicaz e
trabalha sua direção unicamente na relação dos dois, sem dar muita explicação
ao mundo em si ou ao contexto histórico ao qual se encontra, deixando isso com
a competente direção de arte, figurinos e fotográfica, que mescla tons pastéis
com um futuro um tanto quanto melancólico!
Presos
na vida de Theodore, interpretado por Joaquim Phoenix, somos jogados a sua
realidade, e em 30 segundos de filme compreendemos toda a essência incrível de
“Ela”. A câmera faz um close no rosto de Phoenix enquanto este recita um poema.
Ao final ele comanda “print”, e uma impressora imprime tudo o que ele disse,
há sua frente, um computador. Enquanto visualizávamos o rosto de Phoenix
tínhamos a certeza da emoção nas suas palavras, e no fim aquilo era transmitido para uma máquina, que não retribuiria esse afeto. Ao mesmo tempo em que fala
“print” a expressão emotiva na sua face desaparece, assim como toda a emoção. E
essa é a essência de “Ela”. Nossos relacionamentos são frutos do
compartilhamento de sentimentos entre nós mesmos, ou uma idealização fantástica
feita pelo nosso cérebro? Nos apaixonamos pelo que a pessoa é em si, ou pelo
que imaginamos que ela seja? Entrando na ideia do filme, o que Theodore sente
por Samantha (o nome do sistema operacional) é real ou ilusão? A diferença
entre Samantha e uma pessoa real é unicamente o corpo físico, mas é o corpo
físico que nos faz apaixonar por alguém? Aliás, se para qualquer pessoa que
responda sim a esta última questão, apaixonar-se por um par de pernas não é um
tanto quanto assustador, ou até mais, do que se envolver com uma tela de
computador? O filme desperta milhares desses questionamentos que ficam sondando
a cabeça por um bom tempo, ainda mais acompanhada pela belíssima canção de
Karen O, The Moon Song (indicada a melhor canção), onde suas estrofes se
repetem sem parar... “but with
you, my dear, i’m safe and we’re a million miles away...”
The Moon Song
Gravidade (Gravity), de Alfonso
Cuáron:
Resumo: Atingidos por
estilhaços de um satélite, dois astronautas ficam à deriva no espaço.
Indicado a 10 Oscars, vendedor
de 7:
Diretor
Fotografia
Trilha Sonora
Efeitos Especiais
Edição
Edição de Som
Mixagem de Som
Eis a grande obra de ficção do ano e porque não dizer da década? O
cinema de ficção passava por um decadência terrível. É até engraçado dizer que
o último filme do gênero que me prendeu a atenção é uma animação: Wall-e (Wall-e,
2008), passando por A Origem (Inception, 2010) e no longínquo 1999, com Matrix.
Porém, nenhum
destes trabalhou em um cenário tão ficcional um tema tão introspectivo (a
depressão) quanto Gravidade. E justamente este ponto, em que muitos criticam a
abordagem de Cuáron, é onde o filme mais cresce. No entanto, justiça seja
feita, é impossível não se espantar com a beleza dos efeitos visuais, da
direção e da fotografia de Gravidade. Tive a oportunidade de ver o filme no
cinema e em 3D, com a qualidade de vídeo e áudio 4K, a melhor do país. É
inegável que tudo isso colaborou para colocá-lo no topo dos filmes vistos em
2013 e meu queixo ter caído no chão por vários momentos.
A sequência de
abertura de Gravidade é fora de série, o modo como a história é contada, sem
nenhuma introdução e te jogando diretamente a realidade dos astronautas
colabora com isso. É um roteiro totalmente imprevisível, e se a falta de
gravidade no filme apavora Matt Kowalski (George Clooney) e Dra. Ryan Stone
(Sandra Bullock, indicada a melhor atriz), a direção de Cuarón te deixa sem
respirar. Direção esta que, com certeza é o grande fator de sucesso do longa. A
câmera, que nunca fica parada, acompanha a falta de gravidade no espaço, as
tomadas em primeira pessoa, registram o drama de Stone, assim como os poucos
cortes de cena acompanham os passos e movimentos lentos de alguém que não tem
domínio sobre suas ações.
Se por um lado,
tudo colabora par este clima fantástico no espaço, por outro, a extrema sorte
da personagem de Bullock nos deixa em certos momentos desconfiados do realismo
apresentado. Talvez esses pequenos detalhes possam ter tirado o Oscar de
Gravidade, que em uma perspectiva geral desagradam, porém, durante a exibição,
enquanto já se está fisgado pelos efeitos visuais, tais “falhas” são relevantes.
Assim entramos no
segundo ponto do filme, quando nos aprofundamos no drama pessoal de Stone. E
nesse ponto, tanto a atuação de Bullock, competente porém não a altura do
filme, e os diálogos, um pouco sem sal, deixam a desejar. Mesmo assim, somos
apresentados a cenas memoráveis, como a tentativa de contato com a Terra e o
“renascimento” de Stone, sozinha, presa ao espaço. Cuarón é inteligente e dá
liberdade total a Bullock trabalhar, em tomadas longas e emocionantes e nos dá
tempo para penetrar naquela realidade. Como por exemplo nos vários momentos em
silêncio do longa, que demonstram a profunda sensibilidade do diretor com a
cena e a trama em si. Por fim, poucos filmes misturam tão bem silêncio
com música, e Gravidade é digno em ambos. Desde a sonoplastia até as poucas
mas eficazes músicas fazem e muito bem seu papel durante o longa.
The Sunrise
Clube de Compras Dallas (Dallas Buyers Club), de
Jean-Marc Vallée:
Resumo: Ron Woodroof (Matthew Mcconaughey) é diagnosticado com
AIDS, sem alternativas de medicamentos eficazes, monta um clube para o tráfico
de alternativas de cura ilegais.
Indicado a 6 Oscars, vencedor de 3:
Ator
Ator
Coadjuvante
Maquiagem e Cabelo
Clube de Compras Dallas se resume as
atuações de Mcconaughey (vencedor de melhor ator) e Jared Leto (vencedor de
melhor ator coadjuvante), que interpreta um(uma) transsexual que vira
parceiro(a) de Mcconaughey. O diretor Jean-Marc Vallée faz um trabalho competente, uma
direção correta e oferece o filme a Mcconaughey e Leto. Estes, por sua vez
fazem seu show a parte. Mesmo sendo as duas categorias das quais torci para que
outros ganhassem (DiCaprio como ator e Fassbender como coadjuvante) é inegável
a impecabilidade do trabalho dos dois. O primeiro, peça chave da história,
constrói e molda todo o filme. Com uma atuação segura e forte, Mcconaughey está
irreconhecível, exercendo um trabalho de atuação física igualmente fantástico.
É interessante notar que, com poucas transformações durante as duas horas do
longa, o protagonista conquista a simpatia do público e das pessoas ao seu
redor aos poucos e com gestos sutis. Mcconaughey é sensato também ao não se
entregar a apelação barata, entregando seu personagem ao desespero apenas uma
vez, e cortada de maneira rápida pelo diretor, com o possível intuito de
esquecer de vez este momento. Talvez até, por falta de tempo de se lamentar, Woodroof
precisa enfrentar além da doença, o preconceito, a fiscalização e sua própria dignidade, não há espaço para
lamentações. Porém é interessante notar que o ator apresenta esse desespero em
pequenas cenas, como por exemplo se rebaixando em pedidos novas medicações ou
se estatelando no chão na tentativa de dar um soco. Dessa fase, Mcconaughey
cresce seu personagem e começa a se desprender dos estereótipos do cowboy texano
e dando as caras a um ativista que luta contra a indústria farmacêutica. E é aí
que Mcconaughey recebe seu Oscar, sem nunca deixar de ser quem foi por criação
(cena que abandona seu trailer), ele faz Woodroof encarar sua nova realidade e
lutar por ela com o mesmo vigor que, até aquele momento, encarava a sua vida (cena
em que invade o hospital).
Detalhe
importantíssimo é o físico cadavérico de Mcconaughey, que colabora na
personificação do personagem. Woodroof, que sempre aparece se segurando em
pilares, ou tossindo, ou deitado de forma desajeitada expressando diante das
câmeras sua degradação. Não é atoa que o trabalho de maquiagem sempre buscou
mostrá-lo com machucados no rosto e a direção de arte em cenários sujos e
empoeirados. Diante disso somos apresentados a um Jared Leto irreconhecível,
que participa praticamente de todo o segundo ato com uma atenção inspiradora.
Ainda que escondido entre toneladas de maquiagem e perucas é interessante
notar que a cena em que lhe rende o Oscar é filmada sem nada disso, com Leto em
frente ao espelho, observando quem é e no que se transformou. Oposto ao trabalho
de Fassbender em 12 Anos..., explosivo e intenso, aqui Leto traz uma
instrospecção tocante, mostrando um lado escondido de um personagem que aparece
pouco, mas que deixa a vontade de conhecê-lo um pouco mais.
Trailer
Trapaça, (American Hustle), de David O.
Russel
Indicado a 10 Oscars, não venceu nenhum
Resumo: Agente do FBI trabalha junto a
dois trapaceiros para desarmar esquema de corrupção da cidade
Trapaça é um filme interessante, porém com suas limitações. O filme em
nenhum momento chega a ser ruim, mas a régua de nivelamento deste Oscar foi alta,
e comparado a seus concorrentes, Trapaça é tranquilamente jogado para
escanteio. Dentre os trunfos do filme, sem dúvida, o principal deles é o
elenco. Cristian Bale (indicado a melhor ator), Bradley Cooper (indicado a
melhor ator coadjuvante), Amy Adams (indicada a melhor atriz) e Jennifer
Lawrence (indicada a melhor atriz coadjuvante), dão aula de atuação e harmonia,
com nobre honrarias a Adams. Num papel difícil e complexo, durante toda a
película ela faz de sua Sidney uma personagem cada vez enigmática e
misteriosa. Ao passo que Bale, o cérebro da equipe, traz presença e conquista
com um carisma fácil e Cooper, por vezes enérgico e em outras investindo no
humor trabalha bem nos momentos tensos e engraçados da trama.
O trabalho do
design de produção recria com perfeição os anos 70, com detalhes extravagantes e impecáveis,
desde o figurino aos ambientes totalmente estilizados. A maquiagem, inclusive,
e trabalhada como mote para o humor em diversos momentos. Aliás, esta serve
também para conhecermos mais sobre a personalidade de cada personagem. Como a
delicadeza e cuidado excessivo de Bale com seu cabelo, mostrando a perfeição e cuidado dele com seus planos e carreira. As mudanças excessivas de penteado de Adams,
dando alusão as próprias mudanças de intenção da personagem e os exageros e
obsessão por unhas de Jennifer Lawrence, dando ideia da futilidade que é a sua vida.
Por fim, a
reviravolta do roteiro no terceiro ato empolga e conclui bem o longa que dá a
impressão de perder o fôlego no segundo. O. Russel em certos momentos parece se
perder na tentativa de desenvolver uma superprodução hollywoodiana papa-Oscars
quando a melhor opção talvez fosse trabalhar um filme mais simples e menos
fantástico. História e elenco é o que não faltou!
Bale scene
Blue Jasmine (Blue Jasmine), de Woody Allen
Resumo:
Jasmine (Cate Blanchett, melhor atriz) perde todo o dinheiro e volta a morar em
San Francisco com sua irmã.
Indicado a 3
Oscars, vencedor de 1:
Melhor Atriz
Sou suspeito demais para falar de Wood Allen, sua última sequência de
filmes, produzidos em importantes cidades do mundo é fantástica. Vicky Cristina
Barcelona, em Barcelona, Meia noite em Paris, em Paris, Para Roma com Amor, em
Roma e este Blue Jasmine, filmado em San Francisco, nos Estados Unidos. Por
mais que você assista a qualquer filme de Allen com o pé atrás, é impossível não
ser carregado pelo estilo único do diretor logo nos primeiros minutos do filme.
E com Blue Jasmine não é diferente. Acompanhado (como sempre) de uma trilha
sonora irresistível, somos apresentados imediatamente a Jasmine, uma
protagonista totalmente antipática, que Blanchett e Allen tem o cuidado de
nunca colocarem frente a câmera, produzindo uma antipatia ainda maior. E ai
esta o trabalho impecável de Blanchett. Com uma personagem difícil nas mãos, a
atriz faz uma atuação ousada, sondando entre uma mulher falida que ainda vive
num status de alta sociedade, com a constante conscientização de sua nova
realidade e novos amigos. Em meio a isso encontramos Ginger (Sally Hawkins,
indicada a melhor atriz coadjuvante), que é justamente o oposto de Jasmine mas
que vê nela a realização dos sonhos e da felicidade que nunca conseguiu
alcançar. O roteiro de Allen é curioso e inteligente, chocando-se de frente as
irmãs começam a perceber quem realmente vivia a verdadeira felicidade ou, por
que não, cada uma compreendendo o modo como a outra aprecia a vida a partir do
que a vida ofereceu a ela. Os flashbacks
recontando o passado de Jasmine durante todo o filme são importantes e vão
alimentando cada vez mais o entendimento do espectador de como a personalidade
de Jasmine e Ginger foram moldadas. Méritos para uma edição competente que
encontra a hora exata de intercalar a história.
Como não poderia
deixar de lado, o humor sagaz e pertinente de Allen se faz presente em bons momentos
da trama, nivelando o clima do longa e transpassando um pouco de leveza e
descontração a trama, ao contrário do ambiente tenso e melancólico de Jasmine.
Frozen – Uma Aventura Congelante
Resumo: Irmãs herdam reino dos pais, mas precisam lidar e descobrir seus segredos.
Resumo: Irmãs herdam reino dos pais, mas precisam lidar e descobrir seus segredos.
Indicado a 2 Oscars, vencedor de 2:
Animação
Canção
Original
Aos poucos parece que a Disney, depois de comprar a Pixar, está voltando a produzir boas animações. A divisão dos homens de criação da empresa criada por Steve Jobs pareceu favorecer a empresa de Mickey Mouse. Se por um lado, os três últimos filmes da Pixar não empolgaram (Carros 2, Valente e Universidade Monstro), a Disney vem apresenta um sucessivo crescimento com Enrolados, Detona Ralph e este último: Frozen, que assim como o sucesso máximo da Pixar, Toy Story, nada de infantil tem em sua história.
Em verdade, para trazer o respiro cômico da trama e chamar a atenção das crianças temos Olaf, um simpático boneco que neve que diverte e conquista fácil o público.
A animação tenta ser democrática no espaço oferecido aos protagonistas (são três), o que parece oferecer um certo apuro no roteiro, visto a gigantesca história a ser contada e o pouco tempo de reprodução. Com isso, nos primeiros quinze minutos do longa somos apresentados a uma enxurrada de informação para compreender a história que é transmitida de maneira fácil, mas que talvez deixe os menores um pouco confusos! Quando a história definitivamente começa, já são passados trinta minutos do longa, uma jogada arrisca, mas que no caso de Frozen funciona, principalmente no fato do roteiro se deter em longas cenas buscando uma empatia entre personagem e público e não se preocupando muito em explicar a história ou detalhar informações. Esta é a primeira vitória do longa, que fazendo pequenas conexões durante história, consegue deixar o filme com um ritmo rápido e bom de assistir.
A segunda grandeza é seu maior trunfo, as canções (na versão original, não a dublada), produzidas exclusivamente para o longa e que ajuda a contar a história e a apresentar os personagem. O primeiro ato do filme é praticamente um musical. De música em música acompanhamos a história das irmãs de uma maneira impossível de não se emocionar e estabelecer afinidade. Esta primeira parte é finalizada com a canção "Let It Go" (Oscar de melhor canção), que, além de linda e emocionante, consegue estabelecer um ponto de partida para a história em si e reduzir toda a transformação de uma protagonista em dois minutos de cena. Ela, junto a "Do You Want To Build A Snowman?" e "For The First Time in Forever" estabelecem um trio musical incrível, que a tempos não se via em uma animação e lembrando, porque não, grandes clássicos do estúdio como A Bela e a Fera (Beauty and the Beast, 1991), Alladin (Alladin, 1991) e O Rei Leão (The Lion King, 1994).
Por fim, um filme que fala do tema magia, confere sua principal mágica em apresentar uma história que fala essencialmente de amor em uma linguagem infantil, sutil e muito cativante. É a Disney voltando a fazer o que mais soube construir e seus tempos áureos, contos de fadas simples, com personagens e músicas eternas!
E assim como qualquer conto de fadas, é sempre necessário uma moral de história, no caso de Frozen, encarar seus medos, assumir sua própria personalidade e encontrar o amor verdadeiro! Vale a brincadeira interessante que os estúdios construíram com o nome do filme "Frozen" e a evolução que a história faz, na transformação de um "Frozen heart" (coração gelado) até o encontro do 'True Love" (amor verdadeiro). Sutil e encantador!
Let It Go
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