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George



Alguns momentos que a vida nos proporciona são engraçados. Nunca acreditei em coincidências nessa vida, creio que tudo que acontece a cada um de nós, tem algum outro sentido (muito além de nosso conhecimento), complicado de entender. Não coloco em discussão a veracidade desse pensamento, apenas deixo perguntas no ar.
Esta manhã ao pesquisar valores para uma nova máquina de lavar, percorri pelo centro algumas lojas de eletrodomésticos. Na última, onde passei um tempo maior em negociação com o vendedor, ouvia pelo som ambiente da loja a música “My Sweet Lord” do eterno Beatle George Harrinson. Fazia tempo que não escutava algo da carreira solo de Harrinson, um pouco pela comoção que foi o show de McCartney (vide o último post), um pouco pelos acontecimento factoides envolvendo revistas e John Lennon. Em resumo, sem sombra de dúvidas, novembro foi o mês mais Beatle de minha vida. O show de Paul McCartney, os discos e notícias de John e o anúncio de que Ringo Starr poderia vir ao Brasil em 2011! Faltava George.
Bem, ele apareceu. Ainda há tempo de entrar junto à loucura beatlemaniaca que foi novembro. E surgiu com um modo próprio de George, sempre por sua música, sem muito alarde, na dele, discreto...
A música ficou na minha cabeça, inicialmente achei confuso a loja ter como som ambiente uma canção de Harrison. Acostumado a hits do momento, uma música que representa uma veneração a Deus não é lá um grande atrativo para a clientela. Sem muito a que fazer sai da loja, animado. Ouvir “My Sweet Lord” mudou o meu humor. Tinha ainda meia hora para chegar ao trabalho e aquele tempo foi pensando em George. Ele morreu em 2001, era muito novo na época, desconhecia os Beatles e a sua morte passou em branco naquele tempo.
Bom, o dia passou e agora, já no final do dia, é que descubro o motivo da musica ter tocado na loja. Hoje (ontem), fez 19 anos da morte de George Harrison. Uma data normal, mas sem repercussão alguma na imprensa. Descobri a data por um blog de música, e fiquei triste por ter descoberto isso apenas no final do dia.
Quando li a notícia, lembrei na hora da música que ouvi na loja, e que, durante toda a tarde passei cantarolando seu refrão. “I really want to see you.” Então me contive. Talvez minha homenagem a George, mesmo que inconscientemente foi realizada. Estive com sua música na cabeça durante boa parte do dia. Ao jeito de George, sem estardalhaço, sem barulho, apenas eu e a música, como os Beatles significavam a ele, como a musica significava para ele, uma paixão.
É engraçado que diante de inúmeras músicas compostas por Paul e John, a que mais prende minha atenção dentre todas é “Somenthing”, composta por George. A música que uso para acordar é “Here Comes the Sun”, também de George. Nada de espanto! O caçula dos Beatles reconhecia que tinha menos talento do que a dupla principal, mas nunca deixou de ser inferior a eles. George é, e sempre foi George e essa foi sua maior vitória. Um sujeito que se entregou totalmente aos Beatles e é o maior responsável pela pureza e simplicidade das musicas da banda, principal das suas! George, sem apelos, manteve durante toda a sua vida um jeito próprio de ser e foi esse jeito único, misterioso e talentoso que fez George Harrison conquistar muito mais do que fãs, fez ele conquistar seguidores.

“All thru’ the day I me mine.
I me mine, I me mine,
I me mine, I me mine.
All I can hear I me mine, I me mine, I me mine.
Even those tears I me mine, I me mine, I me mine.
No-one’s frightened of playing it, ev’ryone’s saying it”.

I me mine
George Harrison


Andre L. Tonon - 01/12/2010

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