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A fita K7 ou, como me tornei colorado!



O ano era 1997, mas lembro como se fosse hoje! Até então, não tinha a mínima ideia do que era o Internacional. Para mim, um time que vestia vermelho, só! Mas naquele ano aquele time fraco e inexpressivo vencia o então, bi campeão da américa e do campeonato brasileiro. Aquele time ganhou de 1 a zero e festejou como nunca o título do campeonato gaúcho de futebol. Para mim, na época com seis anos de idade, não existia alegria maior! Aquele seria o meu time, ao qual me tarjava a título de torcedor! É fato que ainda antes disso já possuía a vestimenta vermelha, dada por pais colorados, mas não significava a mesma coisa.
Um fator, como nenhum outro intensificou essa paixão. Uma fita K7! Ganhei ela de não sei quem, não sei quando, não sei como! Uma fita K7 com o brasão do Internacional na capa. De um lado, vários gols do Inter narrados, se não me engano por Haroldo de Souza, do outro, ou jogo completo (ou partes) do Grenal dos 5 a 2 no campeonato brasileiro do mesmo ano! Era engraçado! Eu a ouvia diariamente, e comemorava os gols, mesmo não sabendo muito bem o porque. Vibrava demais com aquele grito de gol longo, sem fim, e no final quase sempre a mesma frase “Éeeeeee do Inter” “Fabiano é o nome dele” “Christian camisa 10”! Para mim, o Inter foi naquele ano, o melhor time do mundo!
Bom, o tempo passou, e como bom colorado da década de 90! Sofri muito. Depois de 97, assistir o Inter jogar era uma agonia! Mesmo inocente, mesmo dividindo a paixão pela Seleção Brasileira em 98 (outra decepão), adorava folhear a revista Manchete (lembram?), até a última página e ver a classificação do campeonato. Aguardava ansioso o final da tarde de domingo para assistir a Band e ver o Fernando Vannucci anunciar novamente a classificação e, se tivesse perdido o jogo na rádio, ali sim, conferir se o Inter ganhou ou perdeu! Pouco importava o resultado (derrotas não eram novidades) o que valia era ver o meu time na tabela junto aos gigantes da época, Vasco, Palmeiras, Santos, Sport...
Felizmente esse tempo passou! Aquele sofrimento interminável foi recompensado! Vi meu time conquistar a América com jogadores desconhecidos, mas que davam o sangue em jogo. Vê-lo conquistar o mundo foi difícil de assimilar! Foi o Inter mesmo? Aquele que sofria para ganhar do Bragantino, vencendo o Todo Poderoso Barcelona? Bom, aconteceu! O Inter virou uma potência, um exemplo de empresa futebolística. Desde 2002 sem ficar um ano sem título!
Ficamos mal acostumados! 2010 chegou e com ele, o Bi da Libertadores e novamente a chance de disputar o Bi-mundial, contra a Inter de Milão, já derrotada na Dubai Cup. Aquele gosto de entrar novamente no mundial com chances verdadeiras de ser campeão era incontrolável! O campeonato brasileiro passou a ser campo de treino. Contava os dias para a viagem, me emocionei com a decolagem do avião! Acompanhei religiosamente o dia dos jogadores em Abu Dá-Bi. Não dormi direito na véspera da partida de estreia. E sai do trabalho para assistir o jogo...

Foram quatro anos incríveis, 20 campeonatos disputados, 11 títulos e 4 vice-campeonatos! Ninguém conseguiu ser campeão de tanta coisa em tão pouco tempo! Tinha aprendido a comemorar todos os sabores da vitória. Faltava o da derrota! E ela veio, dura, muito doida, inimaginável, histórica! Foi difícil levantar da cadeira depois do segundo gol! Talvez tenha ficado uns 15 minutos ali parado, olhando para tevê. Lembrando tudo o que passei com aquele time, todos esses 13 anos de vitórias e derrotas. Foi aí que lembrei da minha fita k7 de infância, que presa a um toca-fitas modelo 1980 reproduzia sucessivamente gols daquele que para mim, foi o melhor time mundo, mesmo antes do mundo reconhecer!
O Inter não é, e nunca será feito de vitórias. Aprendi isso hoje! A emoção que eu passei até aquele segundo gol é para poucos. O coração acelera, os pés não param, as mãos arrancam os cabelos, a cara enche-se de mil e uma expressões...! O Inter é isso! Um sentimento interminável que afeição, de carisma, de orgulho, de paixão!
Mortal! É isso que o Inter é! Um time mortal! Mortal para aqueles que se atreveram a passar pelo seu caminho em 1979 quando foi campeão brasileiro sem saber o que era perder. Mortal em todo o ano de 2006, onde cometeu uma façanha que até hoje emociona! E mortal hoje, mostrando que gigantes, ao menos uma vez, também caem!
Não lembro que fim teve aquela fita, mas gostaria muito de reencontra-la, ouvi-la uma ultima vez, me arrepiar novamente com aqueles gols que em meu inconsciente ressoam infinitamente. Gostaria de beija-la, de guarda-la a sete chaves com todo o amor do mundo e agradecer até o último dia da minha vida por ter-me feito uma única vez... colorado!




OBS: O melhor de tudo é saber que depois de um dia AZUL, o pôr do Sol será sempre VERMELHO

Comentários

  1. Mas na foto o pôr do sol tá laranja =S

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  2. Olá André! Amei teu post!
    Como sempre tu escreves muito bem!
    E além do mais, este é um texto muito bem escrito a respeito do meu time...
    Beeijos

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