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Sonhos


A minha relação com eles não foi lá das mais amigáveis. Irritava-me quando chegava à escola pela manhã e ouvia todos meus colegas contando histórias sobre eles e eu sem uma para ao menos guardar de lembrança. Confesso que eles têm parte importante na minha vida. Adorava quando neles estava, e odiava quando os mesmos acabavam ou como na maioria das vezes, eram interrompidos. Lembro-me de quando voltava deles rindo alto, assustado, às vezes triste por voltar à realidade, atordoado, chorando, desesperado, animado, reflexivo... Mil e uma feições com certeza, nenhuma de razão comparável. Quando neles estava, a realidade era incrível, parecia estar vivendo-os realmente, mas ao primeiro segundo de retorno a “terra firme”, eles viravam uma lembrança vaga, que iria se apagar completamente durante os cinco minutos seguintes.

Lembro-me de varias situações, mas a que mais me causa estranheza ocorreu quando ao voltar, sem despertador e nenhum barulho aparente, sob um profundo silêncio, abro os olhos como se estes já estivessem abertos a tempo, sem o peso de uma noite de sono, sem as pálpebras forçando-os a fechá-los, apenas abro-os, sem esforço, sem cansaço. Meu corpo no mesmo estado, sem o peso dos lençóis acima, acordo leve, como numa acordei novamente.

Não sei se posso dizer que aprendi com eles, mas com certeza eles me mostravam (inconscientemente?) algo que estava por vir. Não, nada de premonição, sexto sentido, visões. Até onde me conheço não tenho esses dons. Mas escolho a palavra “sensação” para me expressar. As memórias tão desejadas que me faltavam antigamente, anos depois começavam a dar as caras na vida real. Eram momentos em que a mesma sensação do acordar de um sonho, se estabelecia diante meus olhos, podendo senti-la, sem precisar fechá-los.

E os sonhos eram quebrados, cada um por sua vez, e “transformados” em momentos da vida real. Eram sonhos e pesadelos saindo do meu mundo e aterrissando no mundo real. Sem mais nem menos, sensações que pareciam impossíveis de “viver” eram vividas, algumas impossíveis de decifrar, outras, difíceis de esquecer, mas surgiam, e a sorte era toda minha!

O interessante disso tudo era que enquanto meus sonhos antigos eram “quebrados” no mundo real, novos se formavam quando dormia. Estes mais loucos, surreais, complexos, e o melhor; eles não param de surgir!


Tenha Bons Sonhos!

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