O tema de branding (construção de marcas) só conversa com executivos que olham para a empresa além do tempo e do lucro. Branding é sobre sustentabilidade do negócio e visão de longo prazo. É sobre vender a empresa além do produto. E em uma época em que o marketing é cada vez mais sobre autenticidade e conexão, não basta ter um bom produto. As marcas que realmente se destacam hoje têm algo em comum: elas são construídas de dentro para fora.
Isso faz parte da cultura organizacional. É aí que tudo começa, do plano de negócios ao plano de marketing. A HP é um exemplo de cultura forte com seu famoso “HP Way”, que virou livro escrito pelo seu próprio fundador, David Packard. O “jeito HP” era mais do que uma lista de valores – era a essência da empresa, um compromisso com a inovação, respeito aos colaboradores e o desenvolvimento constante. Essa cultura fazia com que as pessoas dentro da HP se sentissem parte de algo maior, transformando a empresa em uma marca que as pessoas queriam seguir.
Produtos e serviços de qualidade tem valor óbvio e absoluto, mas de certa forma eles são mais fatores de consequência, do que de causa. Eu consigo até, por meio do marketing, “maquiar” por um período de tempo de sucesso comercial. Mas quando falamos de longo prazo, talvez isso não se sustente. Ou seja, a imagem de uma empresa pode até vir de fora para dentro, mas a essência de uma marca é construída de dentro para fora.
Acredito que o crescimento é consequência de um ambiente de trabalho saudável, onde os processos e fluxos permitem que as pessoas façam o seu melhor. Um bom ambiente organiza as ideias e permite que a inovação flua de forma natural e estimulada. Marcas com cultura forte não só atraem consumidores, mas também atraem talentos – que se tornam embaixadores da marca e ajudam a comunicar seu propósito de forma verdadeira.
Hoje, a cultura organizacional não é só uma questão interna. Ela afeta diretamente o marketing e a percepção da marca no mercado. Em um ambiente de trabalho que valoriza o propósito e os valores compartilhados, o marketing flui mais facilmente. Os colaboradores se tornam os primeiros a validar e transmitir esses valores, o que cria uma experiência autêntica para o consumidor. Quando a empresa realmente vive seu propósito, o marketing deixa de ser uma imposição e se torna uma conversa natural com o público.
Imagine que você tem uma loja de roupas. Você pode ter as melhores peças do mercado, mas se a sua equipe não se importa com os clientes e se o ambiente da loja for desagradável, as pessoas não vão querer voltar lá.
Agora, pense em outra loja, com roupas talvez até menos bonitas, mas com vendedores super atenciosos, que fazem questão de te ajudar a encontrar a roupa perfeita. E se essa loja tiver um cantinho com café e revistas, onde você pode relaxar enquanto experimenta as peças. É provável que você se sinta mais à vontade e queira voltar lá, certo?
Para o marketing de hoje, a cultura organizacional é mais do que um diferencial – é a base de uma marca que quer ser duradoura. Empresas como a HP nos mostram que a força da cultura interna faz toda a diferença, e o marketing que ressoa com o público é, na verdade, uma extensão do ambiente de trabalho e da maneira como a empresa valoriza seu próprio time. É sobre conectar a marca ao seu propósito e transmitir isso de dentro para fora, criando uma identidade autêntica e sustentável
Fontes:
Estudo de caso HP: Como inovação e cultura tornaram a empresa líder em computadores e impressoras. Link: https://g4educacao.com/blog/estudo-de-caso-hp
Livro: Feitas para Durar, James C. Colllings e Jerry I. Porras
Livro: The HP Way, David Packard
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