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Vamos falar de respeito e religião?


Você já deve ter visto pela internet o vídeo de uma entrevista de 1995, aonde Bill Gates tenta explicar a David Lettermann o que é a internet em um mundo que ainda era analógico. Esse vídeo voltou a me chamar a atenção, principalmente depois de assistir ao filme “Dois Papas”, do brasileiro Fernando Meirelles e disponível na Netflix.


Para o nosso olhar de hoje é muito fácil rir da perguntas de Lettermann, e não mais de Gates, como acontece no vídeo. Porém é curioso perceber que mesmo tratando o assunto com muito humor (característica irrestrita do apresentador), este insiste e entender por que aquele novo movimento, a internet, é tão importante. Ele questiona duas vezes Gates para compreender o que a internet mudaria em sua rotina atual. E isso não deixa de ser valioso. Essa mesma curiosidade pelo novo coloca ele passos a frente daqueles que não se interessaram pela internet em seu início. E sabemos muito bem a grande vantagem daqueles que vislumbraram seu potencial na frente dos outros. Da mesma forma é respeitosa a atitude de Lettermann em assumir a sua ignorância quanto ao tema e fazer perguntas na busca de compreender melhor seu sentido.

E do outro lado, é incrível ver a tranquilidade e a normalidade de Gates em falar de algo totalmente estranho para as demais pessoas. O que mostra o quanto estava confortável em sua visão de futuro.


A conversa lembra bem a discussão proporcionada pelo filme “Dois Papas”, de Fernando Meirelles, que acompanha desde a eleição de Bento XVI até sua renúncia e a escolha de Francisco I. As ideias defendidas pelo atual Papa e totalmente contestadas por seu antecessor mostram-se óbvias hoje, porém é angustiante ver Bento XVI negá-las ou ignorá-las. Mas assim como Lettermann, o antigo Papa ouve, escuta e faz perguntas. Esse mesmo ponto de atenção tanto de Lettermann quanto Bento XVI para situações novas e totalmente diferentes de suas realidades é o que mostra a grandeza de seus papéis. O primeiro, por insistir em compreender algo revolucionário, e o segundo, por concluir que talvez não seja o real escolhido para o momento. E do outro lado a inovação visionária de Gates e a coragem e pensamento progressista de Francisco.

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