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Não existe marketing sem planejamento 1/2



Façamos a seguinte exercício de imaginação: você tem um importante evento hoje à noite que visa angariar fundos para uma instituição beneficente que você apoia. Junto ao convite, foi solicitado um depoimento seu com o objetivo de convencer os demais convidados a também apoiarem a entidade. Para isso, o evento estará lhe dando cinco minutos durante o cerimonial para você usar da forma que melhor lhe convir.

A partir deste cenário, uma pergunta: de que forma você irá convencer os demais convidados?

Utilizei esse exemplo por que, para muitos, a interpretação de marketing pode muito bem ser resumida nos cinco minutos que você terá disponível para apresentar-se, vender-se, ou como diz a expressão: “fazer seu marketing”. No entanto eu discordo muito desse ponto de vista, e para justificá-lo, peço para darmos dois passos para trás:




É fácil nessa situação avaliar em específico os cinco minutos proporcionados. E é comum esquecer todo o retrospecto que o levou a ter o direito daqueles cinco minutos. Como todo o envolvimento junto a entidade, a percepção de seu trabalho por aqueles que o convidaram e a confiança dos mesmos de que sua fala poderia influenciar outras pessoas, por exemplo.

Não bastasse seu histórico, contam a seu favor as atitudes e ações dentro do evento, seja antes ou depois de seu depoimento, desde vestuário, falas, gestões e interações. Perceba aqui que não se trata de estar bem ou malvestido, mas simplesmente estar de acordo com o que oferece. Todos os pequenos pontos é que levam ao objetivo final, e quanto mais alinhados e fieis a causa, melhor a impressão que a plateia/mercado terá de sua imagem/marca.

Assim se faz marketing. Vender não se trata de um momento, mas de uma caminhada. Muitas vezes toda essa caminhada depende de cinco minutos frente a seu cliente. Concordo com isso. Mas a questão é que sem a caminhada, não existem os cinco minutos. 

É todo o seu background que oportuniza novos e novos cinco minutos. Em um mundo cada vez mais conectado, manter-se fiel a seus princípios faz cada vez mais a diferença. Digo até que hoje são fundamentais. E talvez seja esse o principal desafio do marketing nas empresas:  manter-se fiel a um propósito do início ao fim da linha de produção. Em um mundo cada vez mais volátil, incerto, complexo e ambíguo, em hipótese alguma esse compromisso pode ser esquecido.


Continua.

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