Diferente do que muitos pensam, o Brasil sim, tem solução: precisamos urgentemente criar um projeto para transformar o Rio como sede das Olimpíadas de 2024, caso não seja possível conversar com Tóquio para sediarmos ainda em 2020. É a única forma de trazer de volta um Brasil que dá certo.
Talvez para os que não acompanharam intensamente os jogos, não tenham percebido a tamanha distonia de sensações. Mas para os brasileiros, que apaixonados por esporte como eu, peregrinavam entre os canais de esporte durante as duas semanas olímpicas, o que passamos hoje são seguidas e intermináveis duchas de água fria. Explico:
A Olimpíada nos trouxe o que temos de melhor. E mostrou isso ao mundo da melhor forma possível! Tudo apareceu de maneira intensa na Cerimônia de Abertura dos jogos. Este, talvez o maior evento que nosso pais já apresentou. Naquelas três horas celebramos a nós mesmos. Contamos a nossa história e mostramos ao mundo o que nos faz únicos. Nossa vibração, nossa alegria, nosso sangue encantou a todos. Deixamos de lado as superproduções de Pequim e Londres e partimos para a genuína gambiarra brasileira. Gambiarra essa que não é termo pejorativo. É fazer das dificuldades desafios, criar funcionalidades na confusão, dar o nosso jeito e encontrar soluções para tudo.
O mundo aprovou! Parecia que tínhamos renascido! As imagens do Pão de Açúcar e de Copacabana encantavam a todos. Impossível não se emocionar com as imagens aéreas do Rio do som de “Aquele Abraço”, ou o voo noturno de Santos Dummont por uma Rio que respirava Bossa Nova.
Aquela noite embalou os próximos 14 dias aonde o esporte então fez sua parte. Episódios de superação e quebra de limites eram mostrados diariamente. A cada transmissão tínhamos a sensação de que nada era impossível. Uma judoca vinda de Cidade de Deus vencendo a todos. Um moleque saltar o que nunca saltou na vida, um canoísta do agreste baiano fazer o impensável. Era o que tínhamos de melhor, exposto ao mundo todo junto a imbatíveis e não menos inspiradores Phelps e Bolts. A lição que o esporte dava é que o brasileiro é um povo bom, que diante de tantos percalços, encontramos forças para seguir nossos sonhos.
E assim as olimpíadas acabaram! E assim ficamos órfãos de mais um evento! E assim voltamos a nossa rotina. Ironia do destino ou não, na semana seguinte tínhamos uma segunda maratona para assistir; a política, com um duvidoso impeachment em curso.
O Brasil da superação e da conquista, dava lugar ao Brasil da corrupção e da camaradagem, onde manda quem tem mais aliados e quem recebe o melhor repasse por fora. Um conclave de sujos engravatados trocando acusações absurdas e que envergonhavam a quem assistia.
No fatídico dia da votação, o impeachment não recai apenas a presidente afastada, mas a todos nós. E não teve olhos que não assistiram ao atentado ao vivo, ao natural e sem pesares feito a constituição. Cortado um de seus artigos ao meio, aos olhos de todos, por integrantes do legislativo e do judiciário, por posição e oposição juntos em uma tarde de uma quarta-feira histórica.
Enquanto Brasília era tomada por ladrões de colarinho, Porto Alegre era tomada por ladrões com arma em punho. Ao cúmulo de acompanharmos o assassinato de uma mãe que esperava pelo filho em frente à escola, a cinco da tarde. Os tiros que vitimaram Cristiane, Graziela e José Luiz matou também toda a alegria que restava de um país que dias atrás tinha conseguido encantar o mundo.
E a trilha sonora de tudo isso estão sendo os jingles e paródias das campanhas às prefeituras municipais. Incansáveis discursos primários que se repetem de quatro em quatro anos. Candidatos sem plataforma de governo, trocando acusações fracas e sem nada de novo a oferecer. Passo Fundo nos premia com crianças gritando o nome do candidato 1, o candidato 2 recitando poema que ama sua cidade e o candidato 3 sem nenhuma proposta a não ser críticas vazias a atual gestão. Vereadores permanecem encenando o já habitual show de horrores, sem um único discurso convicto e sério.
Não bastasse, as últimas manchetes apresentam novas investigações da Policia Federal. A bola da vez são os fundos de pensões e um rombo calculado em 40 bilhões desviados do Banco do Brasil, Caixa Econômica, Petrobras e Correios.
O rito segue, com as prerrogativas de que ladrões como Eduardo Cunha podem saírem ilesos (lê-se: vão sair ilesos) de seus processos acusatórios. O vice-presidente com maior rejeição da história seguir seu mandato de costas a população, o principal ministro do judiciário ter assassinado a constituição e o presidente do senado permanecer como papagaio de pirata por tempo indeterminado.
O Brasil precisa urgentemente enviar candidatura a próxima olimpíada assim que possível. É urgente e necessário! Viver em um país com tanta podridão escondida em seu subsolo entristece e deprime. Como pode uma terra tão bela, com verdadeiros paraísos espalhados em todos os lugares, ser palco de escândalos como os que vemos ao ligar a tv.
O Brasil precisa urgentemente voltar a ser sede olímpica. Pois nenhum brasileiro honesto e integro – se esses ainda existirem – merece ser representados por ratos do mais baixo calão e da pior espécie.
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