De acordo com a minha humilde opinião, o Rolling Stones não é a melhor banda de rock do mundo, mas definitivamente é a maior! Ninguém explica os mais de 50 anos de carreira de Mick, Keith, Ron e Charlie e ninguém explica como, depois de tanto tempo vivido, os quatro consigam fazer um espetáculo tão enérgico e vibrante quanto o ocorrido ontem em Porto Alegre.
A música selecionada pelo público para a noite pareceu prenunciar as duas horas e vinte minutos que viriam. “Lets spend the night together” foi um convite dos músicos aceito de imediato a todos que lotavam o Beira-Rio.
Mick Jagger não parou um segundo, e era impossível ficar parado vendo ele dançar, sapatear e fazer o moon walk no meio de uma chuva interminável que não quis deixar a festa, iniciando pontualmente junto com o show. Junto a eles toda a arquibancada estava de pé, ou gritando, ou aplaudindo, ou cantando, ou simplesmente saboreando aqueles momentos únicos e históricos.
Junto a Mick, o carisma absurdo de Keith compunha a dupla, impossível não sentir a mesma vibe do guitarrista que de olhos fechados e sorriso no rosto dedilhava os acordes de músicas imortais que ele próprio criou.
Ronnie era alegria e explosão pura e preenchia o terceiro braço do palco junto a Mick e Keith. Já Charlie contradizia a todos, com a sua calma e serenidade infinita, não teve a coragem de se molhar como os três.
Mas foi a magia dos quatro juntos que preencheu o Beira Rio. Os quatro riam no palco, dançavam e cantavam juntos. Era uma energia no ar impossível de não ser sentida. Energia essa que deixava todo o resto irrelevante. E as cinco horas de viagem, as quatro horas esperando não faziam cócegas. Indo mais longo, além de um show de música, talento e paixão pelo que se faz, os Stones ensinaram muito mais que isso. Ensinaram profissionalismo, ensinaram humildade, carisma, competência e respeito. Mais até, ensinaram que limites não existem e se existem, foram feitos para serem superados. No caso deles, qualquer limite mesmo.
A vontade agora é que aquela energia incomum permaneça presente para sempre. Quem dera a vida fosse assim, tão fácil quanto Jagger faz ela parecer em cima do palco. Tão fácil quanto foi para Keith compor Satisfaction. A vontade é que aquele pequeno mundo harmônico criado dentro do Beira Rio se estendesse para o cotidiano de todos. A vontade é que a emoção sentindo quando pai e filho entram correndo pelas portas do estádio e ao se depararem com o palco vibram aos gritos e com as mãos ao alto, continue em cada café da manhã.
Ora, por que não? Por que não comemorar cada dia como Jagger quando dança Start me Up? Por que não viver a vida com a mesma vontade que Ronnie toca sua guitarra e sentir as pessoas da mesma forma que Keith sente a música?
Os Stones não são simplesmente uma banda. O rock (como eles mesmos contam), não é apenas rock. É uma filosofia de vida, da qual a vida e as emoções que ela nos proporciona valem mais que qualquer bem material, qualquer ego, qualquer ganância, qualquer egoísmo que o ser humano ainda teima em achar relevante. Que a energia e emoção desses quatro velhinhos perdure por muitas gerações, que o rock e a boa música sempre vivam, e que as pedras rolem sem pressa nenhuma de parar!
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