Talvez o tempo me prove o contrário, mas enquanto esse tempo não chegar, prefiro seguir minha sina! Ainda sou um ser humano iludido por conto de fadas, talvez pela infância cheia de livros ou pela adolescência – e que se prolonga até hoje – movida pelo cinema.
Discordo da afirmação de muitos quando dizem que contos de fadas não existem, príncipe encantado é uma farsa e princesas acordam com cara amassada e mau hálito. Em meio a isto, discordo também de todos que afirmam que final feliz é coisa de cinema e histórias de amor só existem para instigar os meros espectadores a sonharem sonhos impossíveis. Tudo mentira!
Primeiro,
e mais óbvio, é que filmes foram e são construídos baseados na mente de um ser
humano que, por sua vez, viveu uma vida! Sem contar nos inúmeros exemplos de
filmes e livros escritos com base na vida real. Ou seja, são histórias reais que
servem de inspiração para outras. Penso que quando uma história dessas chega ao
ponto de servir como referência a outras, esta então, pode se dar ao título de
conto de fada. Com direito a príncipe, princesa e carruagem!
Acredito
que uma das razões dessa relutância para com os contos de fadas vem da natureza
pequena do brasileiro, a de se contentar com pouco, de se acomodar no seu
canto, de não ousar, não acreditar em si mesmo! O oposto ocorre quando um ou
outro tem sua história transformada em roteiro de filme, que passam a ser vistos
como diferentes, sonhadores, fora da realidade, que tiveram a oportunidade de
viver uma vida para poucos. Quanto a grande maioria, estes sim, construíram uma
vida regrada, souberam fazer escolhas e vivem hoje, a vida a qual o mundo
propôs.
Ao
contrário disso também vem a supervalorização do conto de fada. Em um filme, ou
livro o conto de fada se faz com o galã levando café da manhã na cama todos os
dias com um sorriso no rosto, a atriz acordando maquiada sobre os primeiros
raios de sol e deleitar-se por longos 30 minutos em um conversa entrosada com o
seu amado. Muito diferente dos 15 minutos diários que temos para acordar, tomar
banho, café, escovar os dentes e chegar ao trabalho atrasado!
No
meu entendimento conto de fada é uma história construída e baseada
principalmente no amor, na confiança e na fidelidade de duas pessoas. É uma
história verdadeira, onde os sentimentos colocados nela condizem com o que os
dois pensam e sentem, e não são apenas palavras jogadas. Palavras estas que por
muitas vezes tem muito menos importância que gestos, expressões e atitudes.
Conto de fada é uma história de mutualidade, onde a vontade de um é
compartilhada, ou muitas vezes tolerada pelo outro.
Conto
de fada é um aprender e evoluir com o outro. É perceber que uma vida deixa de
ser vivida individualmente para ser compartilha. Ocorrendo transferência de alegrias,
sorrisos, aprendizados e também tristezas, decepções e mágoas.
Conto
de fada é acreditar sim, que o sentimento entre duas pessoas pode ser mais
forte que qualquer empecilho que apareça. É ter coragem de ousar, de seguir em
frente, de avançar, sempre com a certeza que consigo vai existir uma outra
pessoa, incentivando, apoiando, motivando!
Conto
de fada é sair, se divertir, dançar até cair. É intercalar finais de semana de
filme em casa, filhos no parque, trabalhos atrasados e viagens programadas.
Conto
de fada é sofrer junto, encarar as inúmeras dificuldades com a mesma garra
sempre. Pois além da própria vida, tens consigo uma outra, para a qual o valor
dado é muito maior que a sua própria.
Conto
de fada é acreditar, confiar na pessoa ao lado de olhos vendados. Um sentimento
que, uma vez regado e bem conservado, sempre tende a aflorar.
Princesas
e príncipes são aqueles que compreendem e querem viver todas essas histórias.
São aqueles que veem no rosto de seu parceiro(a) o sentido da sua vida. Príncipes
e princesas sabem que o convívio com o outro os faz bem, os transforma, os
eleva, os conforta.
Príncipes
e princesas sabem que durante todo o conto de fadas, momentos ruins tendem a
acontecer. Brigas, desentendimentos, dificuldades, fraquezas... Mas príncipes e
princesas sabem transformar todos esses momentos em força para seguir em
frente, por que ambos sabem que sem seu príncipe, ou sem sua princesa, o resto
do mundo perde o sentido!
Traduzindo
a cena do café da manhã citada acima, podemos simplificar o próprio café na
cama de 30 minutos com um “Bom dia! Encare esse dia de frente, ao final dele
estarei aqui te esperando”. Para muitos casais de hoje tudo isso pode ser
resumido em um beijo, um “bom trabalho”; um “eu te amo”. A tradução do conto de
fada para a realidade de cada um é uma escolha. O que importa é nunca deixar de
sonhar, de contar a história, e acreditar que é possível sim, que ambos vivam
felizes para sempre!
BONUS: Mirrors
O single de Justin Timberlake em
2013 me chamou atenção logo de cara. Quando assisti ao clipe então, não teve
como não se encantar. Nunca fui de analisar clipes musicais, mas este mereceu
uma olhar mais analítico e que muito tem a ver com o texto escrito acima.
O
clipe é uma homenagem do cantor a seus avós, juntos a mais de 60 anos. O avô do
cantor havia falecido um ano antes e toda a história da música serviu como uma
homenagem aos dois. Um conto de fada! Não conheço a história dos dois, mas é
fascinante presenciar um relacionamento tão duradouro como este. É certo que há
60 anos os propósitos para estabelecer um relacionamento eram muito diferentes
dos de hoje, mas tenho fé que dentre tantos encontros, alguns contos de fadas
tenham sido escritos. Levo comigo que a história contada em Mirrors tenha sido
uma dessas. De uma relação de tamanha parcimônia que um via no outro o seu
próprio reflexo, seu espelho. E a história fica ainda mais próxima quando um
segundo exemplo de uma relação tão próxima e duradoura pode ser visto dentro de
casa!
Mais
do que qualquer outra palavra, Mirrors se auto explica:
...
Comentários
Postar um comentário