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Se

Não a conheci frente ao tapete vermelho do Festival de Cannes, muito menos passeado num sábado à tarde pela Hollywood Boulevard em Los Angeles. Se a conheci, provavelmente tenha sido em uma manhã fria de domingo, daqueles que parecem não existir e vista somente em filmes com um bom trabalho de iluminação e uma fotografia bem acabada. Note que iniciei esta última frase com “se”, este “se” é explicado diante minha indecisão sobre sua existência. Compreendo que seja confuso para quem lê a primeira vez. Mas não a mim, que terei por bem, explica-la no decorrer do texto.

Já há algum tempo convivo com pessoas! Todas com seus traços, perfis, defeitos e qualidades. A esta encontro um trabalho por si ímpar a tudo o que acompanhei desde a sonhada manhã fria de domingo. Domingo, pelo dia ser atípico, quase como um vislumbre de outro modo de vida o qual é passado sem ser percebido todo início de semana. Manhã, por ser ela a parte do dia que mais é injustiçada. Mesmo dedicando algumas das visões mais paradisíacas do mundo com o nascer do sol, esta é por nós, esquecida, vista apenas como princípio de uma rotina, um pontapé ao mundo do trabalho e do suor. E o frio, por ser o estado onde o ser humano é mais carente e desprotegido de si próprio. O mesmo frio que nos mostra o quão somos fracos, nos abre a cenas somente vistas durante um inverno. Ou há algo que socialize mais do que uma lareira de fogo ou um café expresso no ponto?

Enfim, os elementos formam o que vejo dela para com os demais, uma mistificação sem igual, seriamente difícil de acreditar, melhor qualificando, fico no limite da dúvida para com o temer. Duvido se aquela a quem dialogo está mesmo a minha frente, e temo que por estar, seja ela um único exemplar vivo de algo que um dia era retratado por poetas e artistas. Poetas, que por feitiço aprisionam as páginas de seus romances estas formas de vida ditas líricas ou idealizadas, que nunca mais foram vistas sobre a Terra. Me vanglorio deles, que deixaram escapar de seus encantos, um exemplar de raro modelo.

Salva dos textos, encontro-a perdida frente a mim, ingênua e doce ao qual nunca antes notei tal pureza. Refletida sobre olhos cabisbaixos, recostados a ombros nus de uma pele clara e branca. Talvez seja miragem, alguém que fugiu de tempos passados e reencontra-se frente a simples andarilho de uma vida futura.
Hesito em tirar dela possíveis provas do que por mim escondo ou não compreendo. Apenas a observo irradiado, vendo passar por minha vida alguém que ninguém mais entenderá como eu entendo. Ela passa, foge, some, se esconde, desaparece. Eu fico! Com meus “ses” imagino que um dia a vida volte ao passado, ao qual eu e ela, um dia fizemos parte!


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